Vivendo e aprendendo a dançar

Podemos pensar a empresa como um rebanho, em que, embora todos estejam no mesmo pasto, ruminam diferentes interesses. As reses seguem o cortejo, sem saber ao certo para onde estão indo. 

Outra maneira de pensar a empresa é vê-la como um exército sincronizado, em que cada soldado marcha no mesmo passo firme e compasso ordenado. A uniformidade se sobrepõe às diferenças individuais e as regras, impostas de cima para baixo, sustentam a rígida hierarquia.

A primeira representa a empresa sem propósito, cujos interesses não são compartilhados e muito menos alinhados. Tanto a organização como seus membros vivem em total penúria e sem horizontes.  

A segunda é a típica empresa da velha economia, em que o sistema técnico prevalece sobre o humano, este submetido àquele. Inspirada na física newtoniana, segue os movimentos cronometrados dos ponteiros de um relógio e se considera infalível. Adam Smith, o pai da economia, impressionado com a nova ciência mecanicista da época, tomou os métodos de Newton emprestados para forjar o modelo de mercado livre e da divisão de trabalho, apostando na regularidade. Frederick Taylor segue o mesmo caminho para criar a ciência da administração com suas engrenagens na busca da estabilidade. Assim foram forjados os ultrapassados alicerces que ainda impregnam o modelo mental de muitos gestores.

Existe, por sorte, uma terceira alternativa: a de pensar a empresa como uma ciranda. Nela, cada membro se movimenta à sua maneira conforme o seu conhecimento, talento e habilidade, mas evolui criativamente e em harmonia com os demais. Existe uma integração dinâmica ao mesmo tempo em que são preservadas a identidade e a autonomia individual. 

Essa é, justamente, a alternativa que melhor representa a empresa da Nova Economia, ao conviver cadenciosamente com duas naturezas: a humana e a do universo. Mais flexível e autônoma, menos hierárquica e com poder distribuído, a dança, com seus movimentos, se ajusta aos novos sistemas tecnológicos, novas fontes de informação, novos mercados. É capaz de oferecer as imprescindíveis respostas criativas necessárias aos desafios da atualidade. 

A ciranda representa a unidade – jamais a uniformidade – por meio do consenso de significados e valores. É sistêmica e, como os sistemas vivos, destina-se a lidar com as divergências e convergências, com o ambíguo e o assertivo. Pluralista, dialoga com a ciência e se inspira na arte, sem dispensar uma visão ética e espiritual. Trafega pelo transitório sem perder de vista o transcendente.

Para viver a Nova Economia, é melhor aprender a dançar. A cada passo, o universo dança junto, em perfeita ordem natural. Com sublime e instigante ritmo. A ela, portanto!

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