Lembro-me até hoje, embora já faça bom tempo do ocorrido. Quando os operários de certa gráfica cometeram um grave erro de impressão inutilizando um grande lote de determinada revista, o gerente da produção pediu que os exemplares danificados fossem colocados no centro da fábrica, para que todos vissem o prejuízo causado.
Diante da cena constrangedora e incomodado com a atitude do gerente, o diretor perguntou-lhe: e os serviços bem feitos, onde você pretende expor?
Decerto, uma provocação perturbadora para o implacável líder, pois não haveria espaço físico suficiente para acomodar todo o trabalho bem feito.
Tal relato não é incomum. Erros geram manchetes de jornal em letras garrafais, acertos não passam de míseras notas de rodapé. Com isso, aprende-se muito sobre a negligência e seus prejuízos, mas nada sobre a excelência e os seus lucros.
Não para por aí. Avalie. Quando as coisas começam a dar errado, logo procura-se por culpados. Encontrar um bode expiatório parece aliviar o efeito dos danos, mas o máximo que se consegue é perder a oportunidade de aprendizado em conjunto.
Liderança educadora é uma das facetas de uma gestão humanizada. Diferentemente do líder feitor – a exemplo do gerente de produção da gráfica -, o líder educador aproveita as situações de erros para fazer com que a equipe aprenda plenamente.
Para o líder educador, tudo constitui recursos de aprendizagem. Mas não apenas. A equipe que aprende com os seus erros pode aprender também com os seus acertos. Com os erros, a correção; com os acertos, a confirmação.
Agora, uma dica preciosa. Os funcionários de uma fábrica de meias não gostavam de produzir pequenos lotes. Preferiam tiragens maiores, em que os erros eram menores ou inexistiam. Os lotes menores davam muito trabalho e ocasionavam mais avarias.
Em um projeto conjunto, a fábrica de meias e uma instituição que trata de crianças com deficiência por meio da equoterapia promoveram uma ação solidária. As meias produzidas pela indústria e vendidas pela instituição destinavam os lucros obtidos para a viabilização do tratamento de crianças, as quais, sem esse apoio, não teriam acesso às terapias.
Surpresa! Embora os lotes fossem pequenos, os erros não ocorriam.
O líder feitor dá as instruções; o líder educador oferece significado.
O primeiro não acredita que as pessoas são suficientemente inteligentes para fazer o que precisa ser feito da maneira certa. Por isso, fica preso nos detalhes e no controle.
O segundo acredita na competência das pessoas e sabe que, diante de algo que lhes dê sentido, elas oferecem o que têm de melhor. E de graça, se preciso for.