Uma conversa incomum ou em comum

Este sistema é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos…. E nem sequer o suporta a Terra.

 

Quando o capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta nossa casa comum.

 

Mas o problema é outro. Existe um sistema com outros objetivos. Um sistema que, apesar de acelerar irresponsavelmente os ritmos da produção, apesar de implementar métodos na indústria e na agricultura que sacrificam a Mãe Terra na ara da “produtividade”, continua a negar a milhares de milhões de pessoas os mais elementares direitos económicos, sociais e culturais.

 

Necessitamos de uma mudança positiva, uma mudança que nos faça bem, uma mudança – poderíamos dizer – redentora. Porque é dela que precisamos. Mesmo dentro da minoria cada vez mais reduzida que pensa sair beneficiada deste sistema, reina a insatisfação e sobretudo a tristeza. Muitos esperam uma mudança que os liberte desta tristeza individualista que escraviza.

 

A mudança concebida, não virá como algo que um dia chegará porque se impôs esta ou aquela opção política ou porque se estabeleceu esta ou aquela estrutura social. Sabemos, amargamente, que uma mudança de estruturas, que não seja acompanhada por uma conversão sincera das atitudes e do coração, acaba a longo ou curto prazo por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir.

 

Pois é válida a imagem do processo, onde a paixão por semear, por regar serenamente o que outros verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos os espaços de poder disponíveis e de ver resultados imediatos. Cada um de nós é apenas uma parte de um todo complexo e diversificado interagindo no tempo: pessoas que lutam por uma afirmação, por um destino, por viver com dignidade, por “viver bem”.

 

Este reconhecer-se no rosto do outro, esta proximidade no dia-a-dia, com as suas misérias e os seus heroísmos quotidianos, é o que permite realizar o mandamento do amor, não a partir de ideias ou conceitos, mas a partir do genuíno encontro entre pessoas, porque não se amam os conceitos nem as ideias; amam-se as pessoas. A entrega, a verdadeira entrega nasce do amor entre as pessoas. Rostos e nomes que enchem o coração.

 

Os seres humanos e a natureza não devem estar ao serviço do dinheiro. Digamos NÃO a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata. Esta economia exclui. Esta economia destrói a Mãe Terra.

 

Uma economia justa deve criar as condições para que cada pessoa possa desenvolver os seus talentos. É uma economia onde o ser humano, em harmonia com a natureza, estrutura todo o sistema de produção e distribuição de tal modo que as capacidades e necessidades de cada um encontrem um apoio adequado no ser social, ou seja, “viver bem”.

 

Esta economia é não apenas desejável e necessária, mas também possível. Não é uma utopia, nem uma fantasia. É uma perspectiva extremamente realista. Podemos consegui-la. Os recursos disponíveis no mundo, fruto do trabalho e dos dons da criação, são mais que suficientes para o desenvolvimento integral de “todos os homens e do homem todo”.

 

São sábias palavras do Papa Francisco, como parte do discurso proferido por ocasião da sua visita à Bolívia, em julho. Corajoso e inspirado, ele é considerado o homem do século XXI e também o único grande estadista de dimensão mundial.

 

Mexi um pouco na ordem para ficar mais didático, mas está fiel à mensagem do Santo Pontífice. O texto original está na íntegra na Rádio Vaticana.

 

Sua mensagem é convergente com a Nova Economia. Veja como existem similaridades entre o discurso do Papa e a linguagem metanoica, a seguir.

 

Este sistema é insuportável: não o suportam os clientes, os fornecedores, os colaboradores, os investidores, os líderes, os concorrentes, as comunidades, os cidadãos, não o suporta o próprio holograma…. nem sequer o país e o planeta.

 

Quando a dimensão econômica se torna o foco, dirige as estratégias e comportamentos, a avidez pelo dinheiro domina todo o sistema organizacional, arruína a empresa, condena as pessoas, transforma-as em escravas, destrói o relacionamento humano, promove a competição acirrada e até põe em risco o nosso próprio habitat de trabalho.

 

Mas o problema é outro. Existe um sistema com diferentes objetivos. Entretanto continua a negar o sistema humano, acelera irresponsavelmente os ritmos da produção e implementa métodos de produtividade em prol do sistema técnico.

 

Necessitamos de uma mudança positiva, que nos faça bem, uma mudança redentora. Mesmo entre os líderes que pensam sair beneficiados com o sistema reina a insatisfação e, sobretudo, a tristeza. Muitos inclusive esperam tal mudança, que os liberte da escravizadora tristeza individualista.

 

A mudança concebida não virá como algo que um dia acabará chegando porque se impôs esta ou aquela ordem ou porque se estabeleceu determinada norma. Sabemos, amargamente, que uma mudança de estruturas não acompanhada por uma metanoia – conversão sincera das atitudes e do coração – acaba por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir – a curto ou longo prazo.

 

Válida, mesmo, é a imagem do processo, em que a paixão por semear, por regar serenamente o que outros verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos os espaços de poder disponíveis e de ver resultados imediatos. Cada um de nós é apenas parte de um todo complexo e diversificado interagindo no tempo: pessoas que lutam por uma ambição, por um propósito, por um sentido, por “viver bem”, com dignidade.

 

Reconhecer-se no rosto do outro, graças à proximidade no dia-a-dia, com seus próprios e cotidianos heroísmos e misérias, é o que permite realizar o mandamento do amor, não a partir de ideias ou conceitos, mas do genuíno encontro entre pessoas, porque o que se ama são as pessoas, não os conceitos e ideias. A a verdadeira virtude da entrega nasce do amor entre as pessoas. São rostos e nomes que enchem o coração.

 

As dimensões causal e potencial não devem estar a serviço da econômica. Digamos NÃO a uma economia de exclusão e desigualdade, em que a dimensão econômica reina em vez de servir.

 

Uma empresa justa cria condições para que cada pessoa desenvolva os seus talentos. É uma empresa onde o ser humano, em harmonia com a natureza, estrutura todo o seu sistema de tal modo que as capacidades e necessidades de cada um encontrem um apoio adequado no todo, de maneira que todos possam viver bem.

 

A Nova Economia, desejável e necessária, é também possível. Não se trata de uma utopia nem de uma fantasia. É uma perspectiva extremamente realista. Podemos alcançá-la. Os recursos disponíveis no mundo, fruto do trabalho e dos dons da criação, são mais que suficientes para o desenvolvimento integral de “todos os hologramas e do holograma humano de todas as pessoas”.

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