Roupas, mochilas, games, eletrônicos, óculos, sapatos, tênis, bicicletas, relógios, pulseiras, livros. Epa! Algo diferente nessa lista de presentes.
Lembro de um provérbio espanhol que diz: “Con el triciclo, se lastimó la pierna; con la bici se cortó la cara. Y com un libro se abrió la cabeza”.
Desculpe dizer, mas livros têm uma nobreza que outros presentes não têm. São especiais. Ampliam conhecimentos, expandem a consciência. Nenhum dos demais itens citados têm o mesmo poder. O livro não é um objeto qualquer. É um sujeito amigo, que nos acompanha nas mais variadas situações e nos mais intricados problemas. Desperta, instiga, amplia horizontes.
Nunca andei só. Tive McGregor, Drucker, Block e Peters para tratar dos dilemas da administração. Smith, Schumacher e Keynes me ajudaram a compreender o sistema econômico. Na psicologia, Frankl, Maslow e Jung foram fundamentais para me desvendar os seres humanos. Buber, Nietzsche e Aristóteles me levaram a filosofar. Bonder, Leloup e Boff expandiram a minha espiritualidade. Na educação, ando na companhia de Freire, Rogers e do saudoso Rubem Alves. Nos momentos de deleite, viajei com Machado, Pessoa, Bandeira, Cecília, Clarice e Manoel de Barros. E a eles – esses são apenas alguns – costumo retornar, tal prazer que proporcionam. Como pode ver, sempre estive e permaneço bem acompanhado. Tenho gratidão por todos os autores e pelos livros.
No primeiro capítulo de “ O Velho e o Menino”, livro em mãos no trajeto de ônibus, tenho um encontro casual com o Velho Taful, editor e escritor. Como em uma simbiose, essa interação acendeu minha chama e, com o passar do tempo, eu também me tornei escritor. Magias do livro.
Hoje, lamentavelmente, as livrarias, templos do convite à leitura, agonizam. Grandes redes, como a Saraiva e a Cultura, sucumbem. Quem paga a conta senão seu principal produto? Não por acaso, Luiz Schwarcz, fundador da Companhia das Letras, fez uma campanha nas redes sociais e suscitou hashtags como #amoraoslivros e #dêlivrosdepresente. O amor dele e o seu impulso empreendedor me contagiaram, razão pela qual entro nessa virtuosa onda.
Desejo que este seja o Natal dos livros. Faço um apelo e ofereço uma sugestão: elabore a lista de pessoas queridas que pretende presentear nesse natal. Ao lado de cada nome, anote o livro correspondente, aquele que mais combina com quem vai recebê-lo. Não existe ninguém que vá deixar de curtir o seu gesto, mesmo entre os que não cultivem o hábito da leitura. O amigo de todas as horas, agradece.
Vamos fazer um Natal diferente, de cabeça aberta!
Bom dia Roberto. Parabéns, como está? Adorei seu texto e pensei em meu filho, Pedro de 19 anos que, aguardou com ansiedade, a feira do Livro na USP, realizada há poucos dias. Foi várias vezes, levou amigos e voltou com uma “penca” de bons livros. Quer, ao longo da vida, “construir” uma “grande” biblioteca, imitando a avó paterna que foi, ginecologista em Marília, SP e chegou a ter mais de 3.000 livros na casa em que vivemos por 30 anos.
Um forte abraço e obrigado por nos inspirar.
Sérgio, que bom que ainda tem gente que gosta de livros.
Recomendo ao Pedro a leitura de “O Velho e o Menino”.
Abraço