Grandes organizações privadas, instituições, departamentos, agências e funcionários públicos anônimos jamais serão capazes de prover aquilo de que somente seres humanos com seres humanos são capazes. Sim, porque não conseguem compreender e suprir uma questão básica: a maior parte das soluções para desafios requer compreensão da dor do outro e afeto. Lidam com milhares de pessoas. Afinal, multidão e ninguém é a mesma coisa.
Erramos quando depositamos nossas responsabilidades nas mãos de programas governamentais e daí desviamos o olhar de onde deveria estar. Isso nos aliena da realidade a ponto de aprendermos a ignorar a dor que é – ou deveria ser – de todos.
Embora haja quem acredite ou mesmo acalente ilusões a respeito, os grandões não têm feito um bom trabalho na alimentação, na saúde, na educação, na família e em tantos outros setores da economia. Avalie por si. Já deve ter passado por várias situações em que é possível comprovar essa realidade.
“O negócio é ser pequeno” (small is beautiful), de E.F.Schumacher, é um dos melhores livros que já li. O autor flagra uma verdade: faça a lista dos mais prósperos países do mundo e constate que os pequenos constituem a maioria, enquanto os maiores são os mais pobres.
O ponto-chave da questão está em desenvolver uma consciência e um espirito comunitário, algo que só acontece quando existe um propósito comum, capaz de motivar a menor unidade de excelência: a pessoa. Disse pessoa, não indivíduo. Indivíduos são anônimos que participam da grande massa, o que inclui as grandes organizações. Pessoas são seres humanos que compõem comunidades.
Em comunidades, as pessoas se sentem partícipes. Elas conseguem se responsabilizar por seu tempo e espaço. Entenda por tempo o aqui e o agora. Vivemos nesse tempo – com todo o seu progresso e todas as mazelas – e é aqui e agora que precisamos fazer algo. Entenda por espaço a nossa teia de relações – também conhecida como holograma –, as quais devemos nutrir com consciência e afeto.
Quem disse que precisamos de grandes feitos? Também nas atitudes e nas ações não é o tamanho que conta. Temos de fazer o que precisa ser feito, sem importar a envergadura do desafio, desde que seja com imenso coração. É apenas nesse delicado aspecto de grandeza que o tamanho importa.