“Você aceitaria usar uma substância proibida, se garantissem que nenhum tipo de controle a detectaria, de maneira que pudesse ganhar todas as competições? ”
Pense um pouco, colocando-se no lugar de um atleta para responder a essa questão. Sim ou não?
Essa pergunta constou de uma pesquisa que a revista Sport Illustrated publicou no dia 14 de abril de 1997, investigando o uso de drogas em esportes olímpicos. Assegurado o anonimato dos consultados, o escore final foi o seguinte: 159 atletas assinalaram sim e apenas 3 cravaram não.
O tema de nossa conversa, porém, não é a inversão de valores, em que a vitória vale mais que a saúde e o glamour, que a vida. O que vamos tratar, aqui, é a sedução do atalho.
O atalho pode nos oferecer, rapidamente, sentimentos de vitória e orgulho por conquistas. Não passam, no entanto, de pura ilusão e, como tal, embotam a vista a ponto de nem percebermos que o atalho não é o caminho. O problema é que com a visão enevoada, persistimos no atalho, cada vez mais distantes do caminho. Até perdê-lo de vista. É quando passamos a acreditar que o atalho é o caminho. E nos perdemos nos atalhos da vida.
O caminho não requer estímulos externos, como aplausos, elogios, troféus, apreciações. Essas condecorações são tão sedutoras quando efêmeras. Ao contrário do atalho, o caminho é feito com coerência e firmeza de caráter. É orientado pela consciência, aquela que tudo vê e tudo sabe.
Trilhado com coerência, o caminho se relaciona com o trabalho em si, não com o que vamos ganhar com ele. É como um rio que corre sozinho, em seu próprio e natural ritmo. Sem pressa. Tem o seu devido tempo. E o tempo certo dá gosto à vitória.
Estamos começando um novo ano. A crise funciona como um canto de cisne a mostrar atalhos o tempo todo. Qual será a nossa resposta: sim ou não?