O verão fez a sua parte. Trouxe as chuvas, encheu rios e represas, aqueceu as praias para que as moças pudessem colocar seus biquínis coloridos, transpirando sensualidade, e os moços pudessem pegar suas ondas, em natural exibição de destreza e energia.
Há quem tenha reclamado das temperaturas elevadas, mas essa é a função do estio. Sem ele, as chuvas não devolverão as águas de que iremos necessitar para as outras estações. Então, ao invés de reclamar, expresse gratidão.
O verão nos convida a sair para viver o sol, o céu e o mar. O natal, o réveillon e o carnaval. É a estação das festas e das alegrias. Mas agora é a vez do outono, uma estação mais serena, introspectiva, interior. Talvez um cadinho de tristeza, mas aí também reside sua beleza original.
Mais contemplativa, a nova e temperada estação sugere que nos assentemos para apreciar o céu bem anil, o verde acentuado das copas das árvores, aos poucos substituído por tons amarelados, os raios de sol misturando luzes e sombras.
Se o verão é a estação do amanhecer, o outono é a do entardecer. Nada mais tocante e inebriante do que um final de tarde de outono. Existe pouca coisa a se fazer senão apreciar um belo e sereno ocaso, levemente resfriado pela brisa. Esse espetáculo imperdível nos é dado de graça todos os dias outonais.
Outono lembra nostalgia e nostos, do grego, significa lar. O outono é a estação crepuscular que nos leva de volta ao lar. No meu caso, à moradia da infância, das frutas na fruteira ou no pé, lá no quintal, onde vive o menino que mora para sempre em meu coração.
Boas vindas ao outono!