Sarna para se coçar

“Pare de arranjar sarna para se coçar! ”. Quantas vezes muitas mães já disseram isso para seus filhos travessos?

Peraltices não cessam na infância; seguem presentes na vida adulta. Mas aí recebem outras denominações – novos projetos, empreendimentos, negócios -, só que agora sem as mães por perto para advertir e calibrar os excessos.

Sarna para se coçar é uma expressão usada para indicar que a pessoa não consegue ficar quieta em seu canto, sossegada, e sempre acaba arranjando mais um “problema”. É da natureza humana gostar de novidades e desafios. A mente fica mais esperta e o cérebro se alegra com a liberação de dopamina.

Doses de otimismo, esperança e autoconfiança fazem a pessoa ir atrás de sarna para se coçar. Tudo vai bem até que se aproxime do desconhecido e daí parece que toda a competência acumulada em anos de experiência não dá conta dos novos desafios. Resultado: frustração, sentimento de derrota, dúvida da própria capacidade.

“Porque é que eu tinha de arranjar sarna para me coçar? ”, pergunta, com arrependimento, a pessoa peralta. É quando começa a questionar as próprias habilidades, inteligências, experiências. E passa a comparar as suas competências com as de quem as cerca, supostamente bem-sucedidas.

Se você costuma procurar sarna para se coçar e está, atualmente, passando por um árido processo de mudança, sabe do que estou falando e sei o que está sentindo. É como se o passado em nada ajudasse para assegurar o futuro. Reproduzi-lo é inútil. É o caso de buscar novas competências e aprendizados.

Outra sutileza: o sucesso assusta. Pode acontecer de você estar com medo dele e da responsabilidade que evoca. Nesse caso, ocorre um processo de auto sabotagem, que faz com que as coisas patinem sem sair do lugar.  Um novo desafio implica um novo olhar sobre a realidade. Crenças terão de ser revistas.

Diante dos medos, incômodos e inseguranças, existe uma verdade inquestionável: você não perdeu as suas capacidades do dia para a noite, embora assim possa parecer. Talvez sinta uma intimidação que afaste você da coragem que fez você chegar onde chegou. Mas pense bem: você já passou por novos desafios antes e superou, certo? Então, sem arrependimentos, vá em frente.

De Leonardo da Vinci a Thomas Edison, de Santos Dumont a Albert Einstein, de Howard Schulz a Steve Jobs, o mundo é daqueles que procuram sarna para se coçar. Sem peraltas, não existiriam negócios como a Disney, a Apple, a SmartFit ou a Natura.

“Peraltices à vista! ” foi o que disse Cabral aos seus marujos. Se não disse, devia ter pensado, pois foi assim que apresentou – a todos nós –  o Brasil. E as travessuras nunca mais cessaram.

 

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Maria do Carmo Targino
Maria do Carmo Targino
2 anos atrás

Muito bom! Adorei a metáfora.

RICARDO STIEPCICH
RICARDO STIEPCICH
2 anos atrás

Prometido no “Saúde Plena” e agora entregue.
Ficou ótimo, ilustra com muita categoria a nossa conversa sobre a escolha de sair da zona de conforto.

Sidney Porto
Sidney Porto
2 anos atrás

Saudades de você Ricardo. Abração do Sidney e da Têca

RICARDO STIEPCICH
RICARDO STIEPCICH
1 ano atrás
Reponder  Sidney Porto

Saudades de vocês também…

Sempre lembro das nossas conversas sobre a intensidade das cores com que as pessoas trazem os assuntos.
Abraços para vocês!!!

Sidney Porto
Sidney Porto
2 anos atrás

Muito bom Roberto, como sempre.

Sandra Campos
Sandra Campos
2 anos atrás
Reponder  Sidney Porto

Saudade de você, Sidney! Saudadona da Têca!!

Sandra Campos
Sandra Campos
2 anos atrás

Isso, Mestre! Que nos cocemos!!

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