A tradição está repleta de histórias de festas das colheitas. É o período em que a produção dos campos, pomares e vinhas é recolhida. Semanas ou meses de labuta e suor sob o sol, trabalhando o solo, são finalmente recompensados. Todos se sentem felizes e entusiasmados.
Na época da fartura material, há o perigo de se esquecer da semente, a origem de tudo. Também de trocar os fins pelos meios, caindo na armadilha de que trabalhar e acumular fortuna é o verdadeiro objetivo do plantio. E, ainda, de acreditar que foi por mérito do poder e da força dos que conseguiram a colheita que se chegou ao sucesso.
A colheita não se inicia no dia da festa, isso precisa ser compreendido e lembrado. A origem da colheita está na semeadura. A semente guarda em si o que abriga a real motivação, ou seja, a primeira intenção. Perdê-la é resvalar facilmente para as segundas intenções, nem sempre significativas da colheita.
Um exemplo dessa distorção são as metas das colheitas e a recompensa exclusiva aos que as atingem, como se o restante do trabalho e de toda a história, da semeadura ao cultivo, não tivesse a mesma importância. Só a colheita é enaltecida, pois dela vêm os rendimentos, ignorando que sem a semente não existiriam os frutos.
A festa da colheita é uma grande oportunidade de reverenciar a história, de resgatar o fio condutor, a primeira intenção, os esforços de quem teve a ousadia de empreender o plantio original, de manter sempre viva a chama do que, outrora, foi o chamado.
Há quem, em tempos de colheita, nem sequer comemore. Celebrar faz parte, é preciso agradecer pelo que se colhe, seja aquém ou além do desejado. E, ao mesmo tempo, reverenciar a história, com a mesma gratidão.
A atitude de celebrar acrescenta valores muito mais elevados do que os acumulados materialmente em função da colheita, dando a ela outro significado. E que, sem dúvida, contribuirão para a soma contínua, fazendo com que cada nova colheita seja cada vez mais farta.
Agradecer e celebrar são atitudes fundamentais para o progresso, a evolução. Acredite. E, sobretudo, pratique!