Resultados, em cenário de coopetição

Quando diz “resultados”, você sabe mesmo do que está falando? Talvez até se ofenda com essa pergunta. Afinal, trata-se de uma das palavras mais faladas e consagradas nas empresas e das poucas que não saíram de moda, nessa mudança de eras.

Quem sabe você pense que estamos simplesmente complicando o óbvio. Afinal, resultado é aquilo que resulta. Tão elementar, assim à primeira vista. Mas aí é que está a questão: sim, resulta, mas do quê? Oras, das ações decorrentes de decisões e, estas, resultam das informações e percepções que cada um tem da realidade. Então… agora as coisas se complicam mesmo, pois todos têm acesso às mesmas informações, mas cada um de nós tem percepções muito próprias.

O velho mundo da competição

 

Estudiosos do século XIX afirmaram que as economias são sistemas fechados, limitados ou demarcados por quantidades fixas de bens materiais, conclusão que levou a uma crença clássica: a escassez é um estado natural e uma condição. Acredita-se, em consequência, que também seja natural a competição por recursos escassos.

Em organizações desenvolvidas sob tal conceito, o trabalho é meramente um meio provedor de vida. Nada muito além de um jeito de assegurar o emprego e o sustento. Esse entendimento, estendido aos negócios (e negócios não passam de projeções das percepções de seus líderes), gera empresas cujo propósito é o de sobreviver.

Quando a preocupação é só com o sustento, logo se imagina a recompensa financeira. Existe uma relação direta entre uma coisa e outra. Ao pensar em negócios, o que vem à mente é a riqueza econômica. Aqui também existe uma relação direta. Nessa visão simplificada, a pergunta geralmente feita é: como fazer para tudo funcionar e dar certo? Na busca do que funciona, troca-se o “porque” pelo “como”, o que importa pelo que funciona, os fins pelos meios. E o verbo que prevalece é “extrair”.

O novo mundo da cooperação

 

A percepção da escassez tem sido colocada à prova pelas descobertas modernas e também por profissionais de nova geração, nascidos no mundo da Internet. Os modernos negócios do ciberespaço e as redes sociais criaram oportunidades inesperadas e um tipo inovador de riqueza. A nova economia conectada tem mostrado claramente onde reside toda a abundância: na mente humana, no que chamamos de “capital intelectual”, sem nenhum limite de ordem física.

Mas esse novo mundo dos negócios só existe para quem enxerga o mercado como um ambiente, um lugar onde tudo ainda está para ser feito. São muitas as necessidades, variadas as demandas, inúmeras as oportunidades. Tamanho universo de possibilidades só pode ser visto por quem tem em mente um propósito que vai além da mera sobrevivência.

A nova economia, que permite múltiplas conexões entre empresas e pessoas, tem mostrado que o todo é maior do que a soma das partes. Diante dessa nova percepção, o verbo é “contribuir”. E resultado do aumento das partes, a começar do que foi possível acrescer ao todo.

Escassez ou abundância? Competição ou cooperação? Extração ou contribuição?  Como lidar com essa dicotomia?

Entre a guerra e a paz

 

É claro que tudo depende das percepções, mas alguns dirão: “é guerra, mesmo, é matar ou morrer!”. Outros justificarão a competição como necessária ao desenvolvimento econômico. Outra ala, considerada mais romântica, apostará na cooperação e buscará elementos na natureza para justificar sua tese.

Em vez dos extremos, existe uma alternativa intermediária. E inusitada, Um caminho do meio, uma estratégia que transita entre a guerra e a paz: a coopetição.  Nessa estratégia, as empresas cooperam entre si na criação de mercados e os disputam, como concorrentes. Antes de abocanhar vorazmente o seu pedaço de bolo, sabem que compensa o esforço inteligente de fazer o bolo crescer.

Para melhor ou para pior, a economia, as empresas e os negócios são decorrentes das percepções e, portanto, das decisões e ações dos seus protagonistas. É aí que Recursos Humanos pode contribuir efetivamente com os resultados das organizações, inspirando e promovendo e moldando o conjunto as percepções.

Afinal, só conseguimos fazer aquilo que, antes, somos capazes de ver.

Artigo publicado em ocasião da minha participação no 18o. Congresso Mineiro de Recursos Humanos. No próximo dia 07/05/2014

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