Quer ser vítima ou antídoto da epidemia?

Alguns vivem a triste ilusão de que as causas de nossos sentimentos estão fora, não em nós mesmos. Assim, ao sentir-se rejeitados, atribuem tal sentimento a algo ou alguém. Diante da frustração, adotam o mesmo mecanismo. E não param por aí. Ao sentir-se insultados, repetem o surrado script de delegar o motivo de seu sentimento.

Infelizmente, não são poucos os que carregam sofrimentos emocionais apontando na direção errada: para o alheio, como se os sentimentos residissem fora. Não há como negar, porém, que moram dentro de cada um de nós e se avultam com a nossa permissão.

É bem verdade que algo ou alguém pode ser o gatilho para o disparo, que é por conta de cada um. Ninguém pode penetrar em nosso íntimo, acionar nossos sentimentos e colocar nossas emoções em polvorosa. Talvez algum leitor mexa a cabeça, insinuando discordância, certo de que o mundo é o grande vilão de sua vida.

Em meu novo livro “O Velho e o Menino”, faço um a distinção entre destino e desígnio. Considero o primeiro como algo delegado ao mundo exterior e o segundo assumido pelo mundo interior. Trato, também, de “criador e criatura”, sendo esta a que se vitimiza e coloca nas mãos dos acontecimentos e dos outros toda a responsabilidade sobre seus infortúnios, bem como os sentimentos e emoções deles decorrentes.

Já me ocupei desse tema outras vezes e com distintas abordagens, mas friso agora que o “mal da criatura” talvez seja a epidemia mais disseminada no mundo. Projeta e descarrega nos outros toda a desdita de que se sente vítima.  

Criador, por sua vez, é quem se responsabiliza inteiramente pela própria vida e faz dela um processo inovador, divertido, fértil e próspero, pois esses são os seus desígnios.

Faça, então, a sua escolha. Criador ou criatura? Só você pode decidir se quer ser vítima ou antídoto da epidemia.

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