Antes de mais nada, é bom saber: você está onde deveria estar. Pode parecer estranho que eu lhe diga isso. No livro “O Velho e o Menino”, recomendo uma viagem de busca ao invés de fuga. Uma jornada de peregrino, não de turista. Viagem, busca e peregrinação sugerem movimento e, então, me contradigo: você está onde você deveria estar, ou seja, não há para onde ir.
Acontece que você resolveu parecer mais do que ser. Passou a acreditar que é outra coisa, inventou uma identidade distinta da real, desenvolveu uma segunda personalidade. Perdeu de vista a sua primeira intenção e a substituiu por segundas intenções. Por que deixou de ser quem é para dissimular, aparentando quem você não é?
Arrisco algumas respostas: ambição, ascensão, sucesso. Quanto mais você persegue essas coisas, mais tenta alardear essa estranha criação, distanciando-se cada vez mais de si. E acrescento: tem medo de rejeição, de inadequação. Enquanto o medo está no comando, o amor, seu oposto, não tem lugar. E quem você pensa que é: medo ou amor? Reflita um pouco antes de responder, pois quem sabe compreenda de uma vez por todas que você está onde deveria estar.
A viagem de busca não é para fora. O mundo externo só vai deformar você ainda mais. Vai revestir o personagem de coisas que são tudo, menos você, um ser único. Não se compare nem se equipare. Evite o risco de se assemelhar a outras identidades, personalidades, também perdidas de si mesmas.
Seu devir não é algo que se encontra no futuro. Garantir o futuro é uma viagem insana que elimina toda a beleza do momento. Trocar o presente pelo futuro é o mesmo que substituir o ser pelo parecer.
Em outras palavras: você já está lá. O aqui é o acolá. O acolá já está aqui.
Espero ter ajudado.
Olá Roberto.
Hás vezes é muito bom que alguém nos lembre do que realmente somos. E Você faz isso com maestria.
A imagem utilizada chamou muito a minha atenção. Sou servidor público, e nesse mar corporativista em que trabalho, vejo bastante tubarões utilizando-se de uma máscara com a carinha daquele peixinho do desenho animado…mas, sempre prontos prá devorar uma sardinha (que talvez seja eu mesmo).
Um abraço e muito obrigado pelos seus textos.
Heitor
Muito boa a sua analogia, mas para quem segue bons valores, tubarões não têm espaço.
abraço,
Roberto, meu Amigo, acho que em muitas vezes, anjo atras, ou a frente, ou ao lado do Amigo.
Que reflexão dura, mas real, ao mesmo tempo alimenta, como também te seca a boca, amigo que coisa loca que e estar lúcido. lucidez deveria ser algo mais fácil de lidar.
Muito obrigado, Roberto Anjo Amigo lúcido.
Zé Luiz
Por aí, sempre ao lado, ombro a ombro, ou melhor, anjo a anjo.
Abraço