O que nos chama? O que pode, nesse momento dramático, elevar as nossas chamas? Qual a conexão entre as nossas chamas, tremeluzentes, com o chamado, tão incisivo?
Momento inédito e único de tentar compreender o chamado que há muito nos chamava, mas, no frenesi de correr para lugar nenhum, tão fora da ordem vivíamos, que não tínhamos tempo nem atenção para ouvi-lo. Nossas chamas embriagadas, entorpecidas e entretidas nas múltiplas fugas deixavam-se levar por outros chamados, falsos chamados, cantos de sereia.
Finalmente o recolhimento abrupto, o silêncio compulsório, a interiorização pacífica, o acalmar da chama e assim somos capazes de ouvir o que há muito nos implorava.
Uma voz clama no deserto!
É no deserto que somos capazes de ouvir a voz interior que clama. Enfrentemos, portanto e corajosamente, o nosso deserto. Cada um tem o seu para atravessar, já consciente de que a travessia nunca é confortável, tanto no sentido estritamente físico como emocional e espiritual. Vai ser preciso deixar velhas crenças para trás. Vai ser preciso vencer os fantasmas do ego e do apego. Vai ser preciso ultrapassar o medo. Se, ao contrário, todas essas amarras prevalecerem, não conseguiremos cruzar nossos áridos caminhos.
A travessia é imprescindível. Temos de encará-la. Com ou sem receio. Como o trabalho é árduo, para que haja motivação, é imprescindível contarmos com um propósito, um significado, um sentido. Algo como construir uma nova empresa, uma nova economia, uma nova sociedade, uma outra nação, uma nova humanidade, um novo planeta.
Parados, prevalecem as miragens. Caminhando, encontraremos milagres.
Há tempos a nossa chama espera por esse chamado, na mesma medida que há tempos o chamado espera por nossas chamas. Essa é a Grande Conexão tão esperada.
A hora é agora! Sem tempo a perder.
Sigamos, por nosso deserto, com esperança e dignidade.
Sob o mesmo sol, que ilumina e garante a vida. Juntos!