Lá, tudo é muito morno: as ideias, os projetos, as relações, os resultados. A empresa vive no banho-maria. Olhando, assim, de relance, até parece que as coisas estão nos seus devidos lugares, cada um cumprindo a sua rotina diária, fazendo o que é politicamente correto. E politicamente correto é o mesmo que tepidez. Nem frio nem quente. Digamos assim que esse estágio, em uma escala de 1 a 10, nos extremos de algo errado ou certo, estaria só um degrauzinho acima da primeira opção. Não exatamente errado, mas muito longe do certo.
Na empresa morna, não existe vibração nenhuma. É uma constatação que vale tanto para as conquistas quanto para as derrotas. Nada parece despertar emoções. Não há manifestações de raiva, quando acontecem as derrotas, nem muita alegria diante das vitórias. Tudo é simplesmente regular, aquele desestimulante meio termo entre o ruim e o ótimo.
Muitas vezes o líder percebe que há pouco calor. E, ao tentar aquecer, troca os pés pelas mãos. Ao invés de propor desafios que instiguem a motivação, lança desacatos que afetam a moral. Entre os desacatos mais comuns estão implantar novos métodos ou sistemas, remanejar pessoas ou trazer alguém de fora, um líder, um consultor, quem quer que seja, com a incumbência implícita de alterar o status quo. Nesse caso, a ideia é colocar um tubarão no tanque de peixes vagarosos, para que eles tenham que se deslocar freneticamente, escapando da imolação.
Dá para dizer que geralmente o feitiço vira contra o feiticeiro, ou seja, os peixes não estão tão sonolentos assim como parece. Talvez não produzam grandes ideias no dia a dia, mas não tardam a agir quando desafiados a preparar uma competente frigideira. Logo percebem o desacato e tratam de fritar o tubarão metido a besta.
A questão a ser investigada é: diante do frigir de tubarões, sistemas ou métodos, o que, afinal, torna essa empresa assim morna? Qual é a raiz dessa energia tão pobre? Essa é a pergunta que remete à verdadeira causa. Ora! A empresa é reflexo do seu líder. É muito provável que as empresas mornas tenham líderes também mornos, de baixa pulsação, de parco entusiasmo. Ou de muita permissividade e complacência.
Um líder precisa viver as suas emoções. Qual foi a última vez que você chorou com a sua equipe? Qual foi a última vez que você gargalhou com a sua equipe? Qual foi a última vez que todos se engajaram em um projeto de corpo, mente e alma, inteiramente entregues ao trabalho? Um líder joga junto, chora junto, vibra junto, comemora junto.
Existe, ainda, aquela situação em que só o líder vibra, só ele se diverte. E lhe causa estranheza não ver nos demais essa mesma vibração. Em geral, ele não se dá conta que as ideias e as decisões são só dele. Pensa ser um líder participativo por ser um bom comunicador, mas ninguém é convidado a pensar, criar e decidir junto.
Em vez de desacatos, as pessoas esperam desafios. E querem participar das decisões inspiradas por esses desafios. E querem vibrar de verdade, pois só assim se sentem verdadeiramente humanas.
Ninguém quer viver em banho-maria. As pessoas aspiram por vivências que aqueçam a alma, deixem a mente fervilhando de boas idéias e o corpo revigorado, com boa libido. Sim, porque vida é vibração, brilho nos olhos, boa performance e excelentes resultados!