Se ninguém pode servir a dois senhores, como a dupla dinheiro e poder em uma das opções, o que nos resta? Tanto um como outro são bem cotados. Costumam dar um tremendo ibope. É difícil, aliás, encontrar quem não os aprecie. Será que a alternativa a essa parceria também é igualmente bem cotada e almejada? O que poderá ser posto em lugar desses dois dragões? Sabemos que dinheiro e poder, quando muito amados, não deixam que esse sentimento migre para qualquer outra alternativa.
O fato é que talvez não houvesse tanto problema com o poder e o dinheiro caso se contentassem com tempo parcial de atenção. Mas eles não deixam espaço para mais nada. Quando estão no comando, tudo o que nos resta é prestar-lhe serviço e subjugarmo-nos. O poder e o dinheiro nos deixam consumados e consumidos. Querem tempo e atenção integral.
Essa dupla nos transforma em são Jorge Guerreiro, que se põe a lutar contra o dragão, todos os dias e noites, faça chuva ou faça sol. O animal que solta fogo pelas ventas é persistente, absorve totalmente o santo, que não consegue fazer mais nada a não ser combatê-lo. A questão é justamente essa: nada resta para o essencial. E o essencial é construir uma vida com propósito e significado. Muito além dos dragões.
A alternativa
Se, no entanto, descobrirmos a alternativa e nos empenharmos a conquistá-la, tanto o poder como o dinheiro nos serão dados como acréscimo. É o que está escrito. Portanto, não há com que se preocupar, a não ser se ocupar com a alternativa.
E qual é a alternativa?
Provavelmente, seja outra dupla – a partilha e a comunhão –, justamente oposta ao “mais para mim”, ao insaciável e ao insatisfaciente. Isso pode parecer pouco realista considerando o modelo mental da velha economia, ainda muito presente, mas é o caminho de quem deseja um mundo melhor.
A alternativa ao poder e dinheiro é uma causa pela qual vale a pena morrer em uma luta virtuosa, que, sem ela, nem mesmo vale a pena viver.