Classificar os afazeres diários em importantes ou urgentes não é o mais difícil, embora poucos tenham esse cuidado. Mas essa classificação não garante a qualidade das pegadas e é aí que se encontra o maior desafio, não no importante, muito menos no urgente. O maior desafio de fato está em uma terceira categoria, a do essencial.
Quando tratamos do essencial, constatamos que tempo não é problema. E que de nada adianta aumentar a velocidade nem repartir o tempo em pedaços para atender às mais diversas demandas. O desafio está em viver em paz, no “olho do furacão”. E isso só acontece quando identificamos o essencial.
Sem conhecer o essencial somos como uma mangueira aberta, cheia de furos e solta no jardim. A água é desperdiçada, restando muito pouco para regar as plantas que dela dependem.
Afinal, por que se esforçar tanto para içar as velas do barco, se não se sabe a direção dos ventos nem onde estão os portos para desembarcar? Para que sair em busca de uma fonte de boa água se não se sabe quais as terras a irrigar e quais as melhores sementes para fecundá-las? O essencial não pede que se faça mais, mas sim o que realmente precisa ser feito. E o que precisa ser feito tem a ver com a nossa missão pessoal, aquilo que só nós podemos fazer, o indelegável.
É no essencial que estão as nossas melhores pegadas: o legado que queremos deixar, as nossas contribuições, as dádivas e as ofertas que realmente fazem diferença. Mas não é só isso. No essencial descobrimos que somos, cada um de nós, uma obra-prima a realizar. Humildemente, nos reconhecemos como seres inacabados e nos empenhamos em ser pessoas melhores. É quando decidimos fazer da vida uma obra de arte.
Como saber se identificamos o que é verdadeiramente essencial? É quando, ao invés de fugir ou ignorar, olhamos para as nossas pegadas. Com muito orgulho das marcas deixadas. Não há porque correr e acelerar o ritmo. Nelas nos reconhecemos. Elas refletem o que somos e a razão da nossa existência, o nosso verdadeiro propósito.
É ao redor do essencial que todo o tempo se organiza. Gratificante e naturalmente.