Empresa é uma obra. Bom vê-la assim. Porque se reveste de grandeza. Não se limita a meio para assegurar a sobrevivência ou o sustento. É muito pouco considerá-la ou o emprego como um mero instrumento para pagar contas ao final do mês. Quando se pensa assim, com foco exclusivo na questão econômica, deixa-se de ganhar para as outras esferas da vida, igualmente importantes. Compreender a empresa como obra é fazer dela um habitat fundamental.
O primeiro verbo a que uma obra nos remete é construir. “Edificamos nossos edifícios e eles nos edificam”, disse Churchill. Essa é a ideia: criamos a obra e a obra nos cria. Tal interação vai muito além da dimensão econômica da riqueza. Abrange outras, sobretudo a da construção do humano: o convívio, as relações, os conflitos, o consenso, os valores, as condutas. Nas obras que extrapolam o econômico reside a riqueza primordial. Não foi o desenvolvimento econômico que gerou o desenvolvimento humano. Antes, foi o desenvolvimento humano que gerou o desenvolvimento econômico. Não podemos perder de vista esta relação de fim e de meio. Se a invertermos, azedamos o leite.
O segundo verbo que uma obra nos sugere é cuidar. Construir é uma parte da história, a outra é cuidar. Sabemos que uma obra abandonada logo se deteriora, envelhece, desmorona. Uma obra requer cuidado, um valor superior. Vai além da simples manutenção e do zelo. É o exercício contínuo do compromisso. Compromisso com a obra, sua história, seus alicerces, seu futuro.
Todos nós já tivemos, algumas vezes, o gostinho de cuidar. Foi quando sentimos coerência e conexão com os outros. Quando o trabalho nos pareceu mais significativo. Quando milagres aconteceram.
Cuidar é, sobretudo, um ato de amor. E quem cuida faz aflorar em si esse valor supremo. Quando tal riqueza interior se expressa, ela se traduz, também, na obra e em tudo o que a obra produz.
Clientes não querem só produtos e serviços: almejam relacionar-se com empresas que fazem com que aflore o que eles têm de melhor. Vale para os colaboradores, os clientes, os fornecedores e todos que têm a sorte de conviver com uma obra que, também, os edifica.
Nós nos transformamos a cada dia quando construímos e cuidamos de nossa obra. Como o perfeito reflexo de um espelho.