Podemos proclamar uma ressurreição em que não haveria mais guerras, disputas, chacinas, cobiças, ganâncias, invejas. Podemos proclamar um mundo sem maldade nem vilanias. Um mundo que ressuscita isento de ciúmes, raivas, ódios desmedidos. Um mundo novo, em que ficam proibidas a mentira e a corrupção.
Então poderíamos comemorar a Páscoa.
Seria, mesmo, uma Páscoa? Não, não seria. Pois estaríamos evocando tudo o que remete à morte, justamente o contrário da ressurreição, que significa vida.
Não podemos ressuscitar o mundo. O que podemos e devemos é ressuscitar a nós mesmos. E o que podemos ressuscitar em cada um de nós?
Podemos ressuscitar a paz como decreto e o amor como regra. A ternura e o afeto adormecidos. Também, o diálogo que cura. A verdade poderá ser posta à mesa junto com a refeição.
Podemos ressuscitar a reconciliação daquele relacionamento pendente. A conciliação que mantém a diversidade.
Podemos ressuscitar o respeito e a união. A beleza que traz o brilho. A justiça e a igualdade para todos. A solidariedade que junta opostos.
Podemos ressuscitar o sorriso e o bom humor. A pureza de coração. A autodeterminação e a ajuda. A coragem que coloca o coração sempre à frente. A pureza das primeiras intenções. O prazer e a gratidão de viver.
Podemos ressuscitar a medida certa e generosa do amor, que é o amor sem medida. A amizade sincera. A perseverança. A confiança incondicional. A franqueza e a autenticidade. O comprometimento. O serviço.
Podemos ressuscitar o equilíbrio e a temperança. A paciência e a tolerância. O jogo limpo. A inspiração. A fé e a esperança.
Podemos ressuscitar a consideração para com tudo e para com todos. A bênção e a graça. A partilha e a comunhão. A compaixão. O louvor e a luz.
Podemos ressuscitar toda a grandeza que nos habita, mas que, adormecida, aguarda o seu despertar. Esse despertar é a verdadeira ressurreição. A festa da vida. A tão sonhada Páscoa!
Belíssimo, Roberto! Abraço