Mire-se no exemplo de quem se saiu bem, mesmo no tenebroso ano de 2020. Entre as empresas, saíram-se melhor aquelas que possuem uma cultura, pois esta permite que muitos, mesmo separados e isolados, saibam o que e por que fazer o que precisa ser feito. Como na Escola de Sagres, no tempo das navegações, em que as embarcações partiam para um mundo desconhecido e os mestres sabiam e confiavam que os navegadores fariam o que haviam aprendido e o que devia ser feito.
Saíram-se melhor as lideradas por quem pratica, dentro da cultura, uma gestão compartilhada, em que os valores e propósitos fazem sentido para todos. “Que o compromisso e a causa sejam o seu lugar de trabalho” ensina Peter Block. Pode-se trabalhar em qualquer lugar quando existe causa e todos estão comprometidos com ela.
Também se saíram melhor as empresas em que o espírito de equipe faz parte da cultura. Mesmo quando foi realizado à distância, a cooperação e contribuição falou mais alto traduzido em ajudas mútuas.
Do normal para o natural, mais uma vez ficou claro que não é a riqueza que leva à virtude, mas é a virtude que leva à riqueza.
Do ponto de vista pessoal, não foi nada fácil lidar com os abalos físicos, emocionais e espirituais provocados pela pandemia. Para as ameaças físicas, os aprendizados vieram rápido: máscaras, álcool gel, distanciamento. A grande salvação, no entanto, será a chegada das vacinas. Mas o que fazer com os abalos emocionais e espirituais? Crises de ansiedade e desequilíbrios mentais estão pululando por aí e esses as vacinas não vão resolver.
Para as ameaças emocionais, a ternura. Tratemos de cultivá-la ainda mais nos relacionamentos. Atenção e afeto fazem bem para a saúde emocional. Dar e receber sem fazer economias – esse é o tratamento perfeito.
Para os abalos espirituais, o eterno. A paz pode ser cultivada com a prática da Contemplação de Rosalina (ver livro
Chamamentos), por meio de preces e orações e também ouvindo a Palavra:
“No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” Jo 16;33.
Para seguir em frente, o fraterno. Deve ser cultivado por meio da solidariedade e essa será a nossa melhor humanização em 2021, com a cura da Casa do Coração, da Casa da Convivência e da Casa Comum.
Terno, eterno e fraterno e assim ultrapassaremos 2021 com dignidade e nobreza de espírito. Com o desejo acima do medo, podemos confiar no melhor: uma nova abundância está à nossa espera.