Não há prejuízo maior do que deixar de ser quem se é. Nas empresas, principalmente, é muito difícil ser quem se é, pois incentivam dois comportamentos muito comuns que descaracterizam as pessoas: a vontade de agradar e o medo de desagradar. E, por isso, são ambientes em que a teatralidade campeia solta.
Infelizmente, as empresas estão preparadas para que a ausência de autenticidade seja a regra. Ali ainda prevalece a hierarquia e o jogo de poder. Impera a ameaça. Líderes inábeis ou que ainda acreditam no domínio pelo medo, adotam medidas que só fazem aumentar ainda mais a química do temor, iludindo-se sobre a “eficácia” dessa tática para que as pessoas façam o que precisa ser feito.
Demissões decididas na calada da noite e implementadas sem muitas explicações à luz do dia, só fazem espalhar o pavor. Como nos dias de hoje não cabem mais as chibatadas de outrora, tomam seu lugar as retaliações materiais, como a suspensão de ganhos, e emocionais, do tipo deixar indivíduos na geladeira. Assim, a mitigação e a preservação tornam-se as condutas mais comuns, na tentativa infeliz – tanto para o colaborador como para a empresa – de salvar a própria pele.
Nenhum emprego, trabalho ou negócio vale o custo de deixar de ser quem se é. Para ser mais incisivo, nenhuma forma de vida compensa os danos de perder-se de si!
Quem se é também recebe o nome de caráter, o conjunto de características a definir cada ser humano, os traços morais que o dignificam.
Prefiro recorrer ao que diz o poeta Paulo Leminski: “aquilo de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além”.
Acredito nisso! Cada um de nós nasceu para ir muito além do que somos capazes de ver. Antes, é preciso dar o passo que nos dignifica, aquele que melhor nos faz e representa, o que deixa impressas na terra as marcas do nosso caráter. Ao olhar para trás, então, nos orgulhamos de nossas pegadas.