Trata-se de uma dessas reuniões que acontecem sem hora certa para começar e terminar. Dessas em que a dificuldade em reunir todos ao mesmo tempo é um elevado desafio, suplantado apenas pelo desafio hercúleo de tentar conter os ruídos dos telefones celulares que interceptam inadvertidamente a condução dos diálogos. Diálogos que tratam sobre alcançar o ponto de equilíbrio, despesas financeiras, metas de vendas, demonstrativos financeiros, etc.
Água, cigarro e café. E a reunião continua. E o assunto se desenrola para fluxo de caixa, necessidades do mercado, clientes querendo descontos, melhores condições comerciais e ponto de equilíbrio. As indagações sobre quem é o cliente, o que deseja e quais as suas reais necessidades, tencionam o ambiente. Todos estão ansiosos por voltarem à rotina dos seus departamentos. Perguntas não são respondidas, responsabilidades são atribuídas à agentes externos. A impressão é de que nada se sabe sobre o que ocorre na empresa.
E a reunião continua, voltada agora para a capacidade de produção, matérias-primas, absenteísmo da mão de obra, objetivos de lucro para o trimestre, projeções de caixa e orçamentos. Muitas perguntas, poucas essenciais, e quase nenhuma resposta satisfatória.
Até que, em determinado momento, o diretor da empresa respira fundo. Tenta conter a dispersão do ambiente lançando uma pergunta.
– “Temos um inimigo. Vocês sabem quem é ele?”
– “Os concorrentes, evidentemente.”, responde mais do que depressa o gerente de vendas.
– “A taxa de juros”, intervém o gerente financeiro.
– “O baixo comprometimento da nossa mão de obra”, acrescenta o gerente de produção.
– “O nosso inimigo é comum e tem o nome de ignorância”, afirma o diretor com veemência.
Todos se aquietaram. Não esperavam por essa.
– “Como vocês podem ver, estamos a pé. Temos pouca informação sobre a nossa empresa, sobre o nosso negócio e sobre os nossos resultados. Atuamos como que brincando de cabra-cega. Como poderemos ter sucesso?
Nossa empresa é um ato de fé! Não temos as informações e os conhecimentos necessários para torná-la bem sucedida. Continuaremos reclamando do mercado, dos clientes, da concorrência, dos funcionários, do governo e de todos os supostos inimigos que encontrarmos pela frente. O fato concreto, no entanto, é que estamos trabalhando alienados. Ninguém sabe o que se passa sob o seu próprio nariz.
Precisamos em primeiro lugar, se quisermos mudar essa situação, admitir que o nosso maior inimigo é a nossa ignorância, travestida de acomodação e de baixo comprometimento. Temos também que admitir que não existe nenhum culpado pela nossa ignorância, a não ser nós mesmos e o nosso compromisso diante das nossas funções e do nosso trabalho.”
E a reunião termina entre o perplexo e o patético.
É possível que, a partir daí, cada um dos líderes tenha se empenhado em buscar as informações e os conhecimentos para o melhor desempenho de suas funções. A esse conjunto de informações e conhecimentos dá-se o nome de capital intelectual e esse é maior gerador de riquezas em uma organização. Pode ser também que nada tenha mudado. Tragados pela rotina, cada um seguiu o seu curso habitual, preocupados em atender os quesitos da burocracia da empresa.
Como você acha que essa história termina?
Como terminou? Eu teria me mexido para buscar aquilo q falta para melhorar, evoluir e crescer. Alguém se embrenhou no bosque atrás de uma nova perspectiva?
Geovanini
Você teria uma atitude de criador.
Mas as atitudes de criatura podem prevalecer.
Esse é o tema-chave desse texto.
Obrigado pelo seu comentário.