Crises são engraçadas. Acompanhe o raciocínio. Capazes de acionar os nossos cérebros répteis, elas fazem com que a gente saia correndo, que nem camundongos apavorados, em busca da toca – em nosso caso, o “fluxo de caixa”. E lá ficamos, amontoados, com uma falsa sensação de segurança, deixando desguarnecidas outras possibilidades de abundância.
Ao examinar a realidade do estreito ponto de vista do buraco “fluxo de caixa”, as pessoas não reconhecem alguns diferenciais geradoresde lucros, como a atenção e a excelência, nem se dão conta de que a fonte mais confiável de resultados é o “estoque” de clientes e colaboradores da empresa. A frase que dá título ao texto está no livro Metanoia e continua mais atual que nunca.
É difícil compreender a realidade, observando-a da pequena fresta que permite o “fluxo de caixa”. O ângulo é tão estreito que nos impede de avistar tudo o que nos leva a novos ganhos. É aí que a crise viceja. Muito mais, é bem verdade, por causa das decisões e ações tomadas justamente por conta da limitada perspectiva, do que por fatores externos, embora estes sejam apresentados – pelos meios de comunicação, com base em análises macroeconômicas de cientistas políticos e economistas – como os grandes culpados do triste cenário.
Vamos ver como desdenhar o ativo mais valioso da empresa gera maus resultados. Por não responder positivamente às motivações de seus colaboradores, a empresa tradicional sofre os custos elevados da rotatividade, do absenteísmo real (a ausência física no trabalho) e do absenteísmo virtual (a ausência da mente e da alma no trabalho). Esses fatores compõem custos elevadíssimos, mas passam em branca nuvem, pois não aparecem de maneira explícita nos relatórios contábeis. Estão lá, mas disfarçados de prejuízos ou de lucros muito reduzidos.
Inclua, ainda, em tal quadro, os custos da perda de clientes por atendimento descuidado (as estatísticas comprovam que cerca de 70% dos clientes são perdidos ou não fidelizados por falta de atenção e interesse). Coloque tudo isso na conta e constate a grande evasão de recursos que escoa pelas frestas de seu negócio, mesmo que você pilote com rigor o fluxo de caixa, 24 horas por dia. Será inútil, se permanecer apenas no buraco do “fluxo de caixa”.
E há muito mais a considerar! Voltemos a pensar, em contraponto à empresa tradicional, na lógica da empresa geradora de riquezas. Está interessada em satisfazer as necessidades humanas de valorização, de reconhecimento, de atenção, de oferecer amor, de propósito e de significado, tanto para quem está dentro como está fora da organização. Todos, é óbvio, respondem a isso com boa vontade e gratidão. O que significa lealdade.
Enquanto a empresa tradicional se restringe à pobre matemática das transações comerciais, tentando zelar pelo “fluxo de caixa”, a empresa geradora de riquezas investe na mágica dos relacionamentos, na certeza de que aí está a nutrição essencial para colaboradores e clientes. O resultado é um lucro muito maior e perene, porque sustentado por seu ativo mais valioso.
Restringir-se à mera riqueza material ou “fluxo de caixa” impede que outra, superior, se manifeste. Metarriqueza é a riqueza em todas as esferas: material, social, psicológica, espiritual. É, sobretudo, a que tem o poder de nos tornar seres humanos melhores, algo que acontecerá quando compreendermos, definitivamente, que um negócio não existe apenas para gerar caixa, mas para contribuir de maneira positiva com a evolução do mundo. Uma sublime e gratificante missão!
Estou nesta armadilha, deixando o cérebro réptil assumir o controle. O exercício de mandar estas informações para o neocórtex demanda disciplina, e deve ser feito a todo instante,
e infelizmente não tem acontecido comigo. Este texto me fez
“cair uma ficha” que estava esquecida. Muito obrigado pela
contribuição.
Beto
Lembra que o zumbido não vai desaparecer.
Nosso desafio profissional e humano é a eterna vigília.
Bom que você tem essa consciência.
Abraço,
Roberto