A Proclamação da República comemora, no próximo dia 15, seu 129º ano. Vem do latim, republica, palavra formada da união de res publica, coisa pública, o bem público. Para os antigos romanos, foi um sistema de governo que durou de 509 a 27 a.C., liderado por senadores e magistrados. Mas foi só por conta da Revolução Francesa que o termo passou a denominar uma organização política para atender ao interesse público e, com isso, dar novo sentido à democracia. Essa é a ideia.
Examinando a história recente da nossa República, algo ficou fora da ordem. Quem pode nos explicar o que aconteceu com a nossa e com muitas outras é o expert em política, historiador, diplomata, filósofo e, também, político Nicolau Maquiavel.
Ele nasceu em 1469, na cidade de Florença, onde morreu, em 1527. Hoje uma cidade da Itália, naquela época era um estado, uma oligarquia, onde, aos 29 anos de idade, ele ingressou na vida pública, ao assumir o cargo de secretário da Segunda Chancelaria da República. A sua obra mais importante, “O Príncipe”, escrita em 1513, foi tratada como um receituário que aconselha governantes a cumprir sua missão e, sobretudo, manter o poder. Em função das ideias que apresenta surgiu o termo “maquiavélico”, para designar um tipo de líder autoritário, manipulador e que atua em causa própria.
Quer uma síntese do pensamento de Maquiavel? Então se prepare: “os homens ofendem mais aos que amam do que aos que temem”. Sentiu algum desconforto? Eis outra: “todos os profetas armados venceram e os desarmados foram destruídos”. Mais uma: “o homem que tenta ser bondoso todo tempo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons”. E ainda: “o homem esquece de forma mais fácil a morte do pai do que a perda do patrimônio” e “na política, os aliados atuais são os inimigos de amanhã”. Acho que já dá para notar no que vai dar essa irmandade entre república e democracia. Para levá-la ao melhor ou ao pior existe um elo. Saiba qual é.
Se considerar as frases citadas, todas estão mais relacionadas ao medo do que ao amor. Curioso é que o mesmo Nicolau, observador das práticas do poder, também afirma: “nada faz o homem morrer tão contente quanto o recordar-se de que nunca ofendeu ninguém, mas, antes, ajudou a todos”.
Se o medo é o elo que une as intenções da república com a democracia, teremos a tirania como resultado. Mas se o amor é o elo capaz de unir essas duas intenções, poderemos ter o melhor dos mundos.
Como organização política, os gregos e romanos nos deixaram um belíssimo legado, noves fora a aguerrida sede de expansão territorial. O amor é o elo que os políticos e governantes ainda precisam aprender. Para o bem de todos nós!