O complexo de paladino – Parte 2

O super-herói no mundo dos negócios 

 

A cena é largamente conhecida: o super-herói estaciona em sua vaga privativa, com dois ou três assessores à espera. No trajeto até a sua sala, o cortejo aumenta de tamanho, com mais dois ou três integrantes. No corredor entre as baias de trabalho, é assediado por mais algumas pessoas, com demandas sempre urgentes. Mas super-herói que é super-herói não foge à luta. E, enquanto o séquito aguarda, a cada pausa, o super-herói faz uso da sua arma poderosa, tal qual o martelo de Thor: a raquete.

Rebate uma bola aqui, outra acolá; sem dúvida, um exímio raqueteiro. Ele sabe e se vangloria disso. As bolas são os problemas que chegam aos borbotões, mas o super-herói é capaz de coloca-los em nocaute em poucos segundos. Muitas vezes, quem beija a lona é o mensageiro, o portador, enquanto o problema ganha sobrevida e aumenta de tamanho. Sim, porque o super-herói, nada complacente, manifesta indignação com o fato de seus subordinados não desenvolverem destreza semelhante à sua, com a raquete.

Os problemas são os dragões sem os quais não haveria dramas nem heróis. Daí, serem – de certa forma – alimentados. Então, ao chegar à sua sala, empunhando a majestosa raquete, símbolo de poder e eficiência, o super-herói se depara com mais alguns subordinados, aguardando, submissos, as suas raquetadas certeiras, não somente nas bolas. Outras, de todos os tipos e tamanhos, ao mesmo tempo são despejadas na caixa de entrada do outlook na tela do computador do implacável super-herói.

Ao final do prolongado expediente na empresa, o super-herói sente-se fatigado por conta de tantas raquetadas. Sempre o último a ir embora, nosso super-herói retorna à sua casa, uma segunda base de trabalho. O cansaço é atenuado com um bom banho. Logo depois, as raquetadas continuam, agora por meio dos recursos da Internet, sem hora e lugar: Facebook, Skype, WhatsApp etc.

Essa é apenas o resumo que ilustra o cotidiano de um super-herói no mundo dos negócios.

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