Estive na vigésima sétima Bienal do Livro, em São Paulo, e falei sobre o alinhamento entre profissão e vocação. A profissão está mais próxima do “sou o que eu faço”. A vocação, do “faço o que eu sou”. Podemos mantê-las dissociadas, mas seu alinhamento é o que vai fazer do trabalho uma dádiva na vida.
Existe o ser e o fazer. Há quem se preocupe com o aprimoramento técnico, sempre voltado ao fazer e cada vez melhor. Busca-se uma profissão, uma universidade onde se possa aprendê-la, depois um trabalho equivalente e daí constrói-se uma carreira. Busca-se, incessantemente, a eficácia na profissão. Por trás de tal procura, existem algumas encruzilhadas: a de se tornar congênere e de competir com outros que almejam a mesma carreira; a de se vangloriar por ter chegado lá e se destacado; a de se diminuir por não atingir a meta, pagando esse deslize com a triste moeda da baixa autoestima e do complexo de rejeição ou inadequação. Todas as possibilidades, no entanto, ainda estão no âmbito da profissão. Mas existe outra vertente.
Há quem queira mudar o mundo e transformá-lo em um lugar melhor. Reconhece que “a messe é grande e os trabalhadores são poucos”. Muito há para fazer. Mas o mundo é efeito. Não há o que consertar nele, sem atuar nas causas dos problemas. E as causas estão nos olhos de quem enxerga o mundo, que não passa de um reflexo do mesmo olhar, em uma viciosa simbiose.
A educação do olhar é do aprendizado do ser. De quem se preocupa em aprimorar o seu interior e a qualidade das suas percepções, para interagir com o mundo exterior de forma diferente. É aí que a vocação é capaz de orientar a profissão.
A educação do olhar é trabalho diário e constante. Não se constrói um trabalho apenas fazendo. Um trabalho se constrói sendo. O aprendizado do ser deveria preceder o aprendizado do fazer. Concentrar-se apenas no aprendizado do fazer é chegar a uma barreira instransponível. É viver como quem escala uma montanha, com a sua fase íngreme, no aclive, e depois a derrocada, também íngreme, no declive. É o que acontece com quem muito investiu na profissão sem antes despertar a vocação.
Quando valorizarmos o aprendizado do ser, veremos que podemos nos aprofundar, sempre e cada vez mais. Aprendendo e aprofundando-se no ser, eleva-se também a qualidade do fazer.
Existe, sim, uma metodologia que pode ajudar a alinhar o ser com o fazer e a profissão com a vocação: o Código de Nobreza. É representado por uma árvore, em que a raiz representa o ser, por meio de valores virtuosos; a copa, o fazer, por meio de gestos de elegância.
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