Estava tudo aí, mas precisou dele para colocar em xeque alguns pressupostos que nunca construíram nem construirão sociedades e organizações saudáveis e sustentáveis.
Ele nos fez comprovar que uma economia considerada bem-sucedida não garante uma sociedade bem-sucedida. Somente ele foi capaz de escancarar, como nunca antes aconteceu, as diferenças sociais não percebidas em nosso transe diário.
Não fosse ele, talvez nunca nos déssemos conta de que o egoísmo, a competição predatória, a ganância e o medo não resolvem os principais dilemas humanos. Ao contrário, sairemos dessa graças à cooperação, à solidariedade e ao amor.
Foi ele que nos levou a tomar consciência de que fazemos parte de uma grande teia, estamos conectados, somos interdependentes e integramos a mesma família, a família humana. Por isso, do Hemisfério Norte ao Hemisfério Sul podemos nos contaminar de doença e medo ou nos contagiar de saúde e amor. Temos, sim, escolha!
Precisou dele para tomarmos ciência de que a hierarquia, o comando e o controle não são as melhores formas de organização. Ao contrário: as ideias fluem livres quando os criadores podem se expressar, libertos da submissão que os condena à lamentável condição de criaturas.
Sem ele, possivelmente nunca nos déssemos conta de que os nossos planos, burocracias e regulamentos não resolvem novos desafios, apenas remediam os velhos e surrados.
Não fosse ele, talvez levássemos uma vida inteira sem notarmos a diferença entre o que funciona e o que verdadeiramente importa.
Só ele mesmo para nos fazer compreender que a diversidade é a solução, não um problema.
Precisou dele para fazer com que aprendamos de uma vez por todas que a tecnologia é um meio extraordinário, mas não resolve a nossa necessidade da química do abraço, do contato físico, das relações e da convivência real.
Depois que tudo passar, ele nos terá ensinado sublimes lições de como podemos ser humanos de verdade. Quem sabe, será o precursor de uma nova humanidade. Amém.