Líderes são os mais resistentes às mudanças

Lido com negócios, empresas e líderes. E com mudanças. É o que buscam. Assim é que é ou deveria ser. Mas a natureza humana é contraditória, ambígua e ilógica. Pois acredite: há quem esteja atrás de uma mudança do tipo não-mudança.

Sei que parece estranho, mas acontece, pois há líderes de empresas obcecados por regularidade e estabilidade, portanto, o contrário de mudança. No fundo, querem manter o trem – a empresa – sobre os trilhos do jeito que sempre esteve. Querem que os trilhos se ajustem ao comboio.

Note que não se trata de trilhos capazes de conduzir o trem para um lugar novo e melhor. O traçado já existe. Almejam simplesmente que se assegure a chegada da locomotiva e seus vagões ao destino determinado. Nada além, portanto, de fazer o mesmo e velho percurso.

É estranho que alguém tenha interesse pela não-mudança e ainda pague por isso. Mas é exatamente o que acontece. Insano? Ironicamente, são esses mesmos líderes que acreditam que as pessoas na empresa – não eles, claro – resistem às mudanças. Talvez um tipo de projeção sobre os outros da própria resistência. E – quem sabe aqui haja até uma pitada de insanidade – noto que, no fundo no fundo, líderes são mais resistentes às mudanças do que seus colaboradores.

Há razões para isso, lógicas ou ilógicas. Afinal, líderes têm mais a perder com as mudanças do que seus colaboradores. O que existe por trás desse comportamento é um tal de apego. Apego ao que deu certo, ao status-quo, à facilidade que representa a repetição, com a ilusão de afastar grandes riscos. Pode ajudar a abandonar o faz-de-conta e dispor-se a viver mudanças consistentes a coragem de ter consciência desses e de outros apegos.

O poder é um deles. É viciante, inclusive. Ocupar as caixinhas superiores do organograma dá uma certa autoridade. E – pasme! – líderes não gostam de ver o seu comando reduzido ou transferido para outras pessoas, mesmo que seja benéfico para o negócio e a empresa.

O prestígio é outro tipo de apego, uma espécie de recompensa psicológica também viciante. Trata-se de preservar a autoimagem a todo custo, ou seja, jamais colocada em risco por algum tipo de mudança.

O privilégio também gera o apego. O líder vai se acostumando com mordomias e bons tratos. Toma gosto e não abre mão da primazia. Qualquer possibilidade de perdê-los é sabotada, ainda que inconscientemente.

Poder, prestígio e privilégio compõem a tríade da liderança avessa às mudanças. Assim, o primeiro movimento para seguir adiante é refletir sobre esses apegos e dispor-se a renunciar a eles. É pré-requisito para admitir mudanças capazes de levar a empresa para um estágio mais avançado.  

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