Felicidade ou uma vida interessante?

O nome Yuval Noah Harari pode não lhe dizer muita coisa, mas Sapiens é o best-seller internacional que se tornou mais conhecido que seu autor, com doutorado em história pela Universidade de Oxford.

O livro, com o subtítulo “uma breve história da humanidade”, analisa os últimos milênios, durante os quais a humanidade caminhou da era pré-agrícola até os dias de hoje. No final da sua densa obra, depois de avaliar as transformações sociais, políticas, comportamentais e psicológicas observadas, Harari levanta uma série de indagações. Confira algumas, a seguir.

“Somos mais felizes? A riqueza que a humanidade acumulou nos últimos cinco séculos se traduz em contentamento? A descoberta de fontes de energia inesgotáveis abre diante de nós depósitos inesgotáveis de felicidade? Voltando ainda mais no tempo, os cerca de 70 milênios desde a Revolução Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor para se viver? O falecido Neil Armstrong, cuja pegada continua intacta na Lua sem vento, foi mais feliz que os caçadores-coletores anônimos que, há 30 mil anos, deixaram suas marcas de mão em uma parede na caverna de Chauvet? Se não, qual o sentido de desenvolver a agricultura, cidades, escrita, impérios, ciência e indústria?”

Enquanto dava descanso à leitura de Harari, deparei-me com uma entrevista de Pedro Herz, o principal líder da Livraria Cultura, legado que compõe a cena e a cultura paulistana, e que soma 70 anos de história.  Este período equivale a uma gota no oceano em relação aos  setenta milênios, mas talvez haja, na resposta de Herz, um oceano inteiro, quando diz: “Não  busco a felicidade, não sei o que é isso. Corro atrás de uma vida interessante”.

Pedro Herz nos ofereceu, de bandeja, essa indicação, que li e reli algumas vezes. Harari, por sua vez, ao longo de mais de quatrocentos páginas, nos mostra que a humanidade não encontrou a tão cobiçada felicidade, mesmo depois de todos os avanços sociais, econômicos e tecnológicos.

No livro “O velho e o menino”, que lançarei brevemente, os dois personagens dialogam, quando um deles pergunta ao outro de bate-pronto: “você prefere ser feliz ou encontrar significado? ”. Uma variação desse questionamento poderia ser: “você prefere ser feliz ou ter uma vida interessante?”

O menino que vive em Pedro Herz, o persistente empreendedor, parece saber – com singela clareza – a melhor resposta.

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