Felicidade ou significado?

A ciência da administração não contribui para criar uma empresa geradora de riquezas nas quatro dimensões. Talvez porque sofra do mesmo mal de todas as ciências: o de inclinar-se em demasia a uma só das dimensões, a material, desconsiderando as outras.

Quando escrevi “A Empresa de Corpo, Mente e Alma”, em 1997, enfatizei a importância da alma para que o equilíbrio da tríade ocorresse efetivamente. Conferi mais importância a uma dimensão esquecida na era industrial: a humana. Esta não só ficou para segundo plano como sucumbiu a sangue, suor e lágrimas, pois o que imperava era a técnica, impulsionada pela tecnologia. Ainda hoje, como antes, existe um grande déficit de alma, traduzida, no passado, por relações humanas salutares.

Na mesma década em que lancei o meu primeiro livro, Daniel Goleman fez muito sucesso com o conceito de “inteligência emocional”. A relação entre alma e inteligência emocional foi imediata, simplificando esse conceito apenas ao âmbito, dos relacionamentos humanos.

Alma é mais que isso e, dificilmente, a ciência chegará lá, acostumada a revelar o que está velado, mas sempre na dimensão material. O incognoscível, onde mora o mistério, assim continuará quanto ao que existe de mais supremo na vida das empresas e de todos nós.

“Queremos ser felizes ou queremos encontrar significado? ” Responda, agora, só para si, a essa indagação e acrescente outra: qual é a sua busca? São perguntas que me inspiraram na escrita de meu livro mais recente, ainda no prelo. Se tomarmos como base apenas a dimensão material, onde muitos acreditam encontrar-se a tal felicidade, a vida perde o significado em todas as suas esferas: pessoal, profissional, relacional, familiar. Afinal, que sentido poderia haver na vida, caso se resumisse a isso?

A ausência de significado e o preenchimento desse vazio com efemérides tem produzido mais infelicidades do que felicidades. Recentemente fiquei assustado ao tomar conhecimento do número elevado e crescente de suicídios de alunos em escolas. O progresso material, apoiado pela ciência, não tem dado conta do recado. Precisamos ir além do que a ciência tem oferecido nos últimos séculos. É claro que ela é imprescindível, mas precisamos de algo que transcenda tanto a dimensão material como a tecnológica.

Esse algo é o que, em meu primeiro livro, denominei de alma, e agora no mais recente, de consciência. A busca é a mesma, ao longo desses anos. A convicção de que devemos nos socorrer no incognoscível é inadiável. O desafio está lançado: da platitude à plenitude. Vamos, juntos, em busca desse propósito!

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