Final de ano! As festas de réveillon acontecem em todo o mundo, uma necessidade de ser ou de se fazer feliz a qualquer custo. As praias estão lotadas e nem mesmo a dificuldade de acessá-las é impeditiva para viver esse momento de euforia. Nos celulares, circulam mensagem de otimismo e fé, anunciando o novo ano.
Ser feliz! Eis a grande busca. À noite, em cerimônias íntimas ou compartilhadas, muitas promessas são refeitas. A carreira, o diploma, o salário, os negócios, a casa, o carro, a academia, o emagrecimento, a viagem, o parceiro, tudo isso é considerado fundamental para se ter felicidade. Mas é aí que a vaca vai para o brejo em seguida, como em todos os anos, pois essa não é a verdadeira busca. E por que?
Primeiramente, porque estamos cansados de repetir as mesmas promessas, ano após ano, sem cumpri-las. Começamos a desacreditar de nós mesmos e a cada nova idade, mais nos distanciamos dos arroubos juvenis e da arrogância, que sempre aposta na capacidade suprema de conseguir saltar todas as cancelas. Em vão.
Segundamente, porque a felicidade não é um constante preencher do que nos falta com diversas e incontáveis coisas. Esse tipo de “felicidade” desperta uma excitação contrária à paz de espírito, fundamental para que possamos viver a alegria, que está além da tão propalada felicidade.
Terceiramente, porque essa “felicidade” a qualquer custo exclui o sofrimento e a alegria o considera parceiro de caminhada, tão importante como imprescindível.
Contrariando, então, o clássico modelo mental sobre a felicidade, podemos, nesse final de ano, refletir mais sobre a alegria.
Primeiramente, vale suspender as nossas promessas e deixar de lado desejos, os quais geralmente não passam de carências disfarçadas. Em troca, vamos permitir, sem vacilar, que Deus determine o que Ele deseja para nós.
Segundamente, vamos olhar para nós mesmos, dispostos a encontrar as nossas fartas – inteligências, dons, talentos, valores e virtudes – para, a seguir, pensar em como a vida, tanto pessoal como alheia, pode se nutrir dessas ofertas.
Terceiramente, transformemos o sofrimento em sacrifício, o sagrado ofício de fazer da vida uma alegria permanente, além da efêmera ilusão da perseguida felicidade.
Alegria de viver! Eis a nossa valorosa busca. Em seu ápice, Francisco de Assis a chamava de perfeita alegria. Mais aí já é o desafio da santificação. Deixemos para o próximo ano!