Embora não seja usual no mundo das empresas e dos negócios, ascese é uma palavra da mesma árvore genealógica de metanoia. Ambas nasceram no berço da sabedoria da antiga Grécia.
Na filosofia grega, ascese é o conjunto de práticas e disciplinas caracterizadas pela austeridade e autocontrole do corpo e do espírito. Mais tarde, dado o seu caráter rigoroso, a palavra foi incorporada também pelas religiões, em busca de realizar os desígnios divinos e as leis sagradas. A ética também a utilizou, como o exercício disciplinado das mais altas virtudes.
Deixando de lado exageros históricos que podem levá-la à intransigência, ascese é uma palavra importante e, mais ainda, o seu significado. Podemos traduzi-lo, tomando emprestado do Houaiss, como a disciplina com o objetivo de alcançar a prática perfeita em determinado ofício, atividade ou arte.
A partir dessa perspectiva, podemos dizer que Edson Arantes do Nascimento só conseguiu ser o Pelé por conta de uma ascese em sua vida. A história do esportista confirma tal verdade, embora ele nem soubesse que aquele exercício disciplinado, de continuar “batendo bola” depois dos treinos, mesmo quando todos já haviam se retirado, era a sua ascese.
Muitos acreditam que gênios como Pixinguinha ou Picasso, Maria Callas ou Saramago, são abençoados pelo destino. Esquecem de suas asceses, de sua profunda disciplina às práticas capazes de transformar seus destinos em desígnios. Aliás, o próprio Michelangelo, um desses extraordinários artistas da humanidade, admitiu sem rodeios: “se soubessem o quanto eu trabalho e o quanto eu me esforço para fazer as minhas obras, ninguém me chamaria de gênio”.
Ascese, como prática disciplinada, remete a um dos conceitos do meu novo livro “O velho e o menino”: a diferença entre vontade e força de vontade. Vontade todos temos. O desafio é elevá-la à força de vontade.
Se dependermos apenas da vontade, podemos ficar retidos tão somente a nossas escolhas. Escolher já é alguma coisa, mas não tudo. É a partir da força de vontade que tomamos as decisões e assumimos o compromisso. Alcançar essa genialidade que dorme em cada um de nós exige uma ascese, uma prática disciplinada, portanto. E esse é o caminho para transformar destinos em desígnios. Coragem! Comece a trilhá-lo.
Perfeito este artigo! Vamos começar o dia com muita força de vontade!
Gratidão pela leitura.