Sejam líderes políticos ou empresariais, em algum momento eles perdem a mão. E o problema é o mesmo, tanto na esfera pública como na privada. Sabe porquê? Porque existe grande perigo em exercer o que indica uma palavrinha, útil e necessária, capaz de, em algum momento, ir ganhando vida própria, até inverter o jogo. Dessa hora em diante, não é mais o líder que faz uso do poder para as suas conquistas, mas é o poder que faz uso do líder.
Sabemos, e os líderes também sabem, que a verdade é um valor superior, a ponto de ser considerada uma virtude aristotélica. A intenção original é, portanto, fazê-la valer acima de tudo. Mas o poder tem as suas próprias maquinações e, logo, não é mais a verdade que o orienta, mas é o poder que manipula a verdade. É quando a versão dos fatos prevalece sobre os próprios fatos e a fantasia, sobre a realidade.
Não é diferente com outro valor superior, a beleza, também uma virtude aristotélica. Logo o poder avança mais do que devia e começa a definir o seu padrão. E a beleza, amiga íntima da liberdade, passa a se submeter ao poder, que prefere mantê-la estereotipada.
A bondade é outro valor superior e, também, uma virtude aristotélica. Jamais deveria se submeter aos caprichos do poder, que, matreiro, não tardará a transforma-la em instituições com segundas intenções.
Várias campanhas supostamente bem-intencionadas, como as que alardearam o fim da corrupção, da violência, da lei seca, acabaram abduzidas pelo poder.
Empreender um negócio, liderar uma empresa ou conquistar o cargo de executivo, tudo isso implica poder. A palavra explicita seu próprio significado. Quem estiver dela investido, que aja à luz do que indica o alerta sobre o consumo de álcool: beba com moderação.
Saber a medida certa e justa do uso do poder faz parte da sabedoria da liderança e torna o seu exercício louvável. E, também, a história que o líder irá construir, bem como do seu legado.
“Tudo eu posso, mas nem tudo me convém” é o ensinamento de são Paulo. Ele exerceu, com discernimento e moderação, um poder que fez imortal a sua obra.
o poder pode corromper – se o homem beber dele sem moderação. O poder norteado pela Verdade não agrada muita gente, mas mantém o dono do poder no caminho original, sem meias medidas e explicações políticas. O mesmo acontece nas empresas. Por isso é que se não mudarmos o homem não mudaremos instituição nenhuma. “Tamo junto”, Roberto Tranjan!