Está em suas mãos o maior presente

É claro que a pessoa não nasceu assim. Quem é que nasce com tendência a ser desconfiada, competitiva e centralizadora? Olhe para uma criança em suas atividades infantis e você vai ver o oposto disso. Uma pessoinha desenvolta, desprendida, com vontade de interagir com seus amigos, feliz. Diga a ela que um boi passa voando pela janela e, no mesmo instante, a verá sair correndo para conferir. Em sua pureza, ela acredita e confia. Não vai tolher a sua curiosidade por medo do ridículo.

 

Mas a vida faz e desfaz. São muitas as frustrações e decepções, tantas as vilanias e traições. Acontecem, como bem sabemos. Mas não fazem sentido para a sensibilidade dela. E assim ela vai se contendo. Gradativamente, com o passar do tempo, perde a pureza. Olhe para ela, adulta agora. Quer ter o controle de tudo e sobre todos. Almeja o poder a qualquer custo. É claro que é responsável e isso a faz ainda mais implacável com os outros. Tais ímpetos não seriam um grande problema se ela não fosse uma liderança importante na empresa. Mas é. Sofre e causa sofrimento sem ter sequer consciência disso.

 

Seu passado, ainda vivo, faz com que ela adote um estilo de liderança centralizador. Conquista e mantém o poder na base da força, disputando-o com unhas e dentes. Como se costuma dizer, não quer largar o osso de jeito nenhum. Escuta pouco, acata quase nada. Embriaga-se de suas verdades e mal sabe que é refém delas. Prisioneira, segue adiante na certeza de ser detentora do que a mantém acorrentada.

 

E sofre, sim! Basta chegar um pouco mais perto para descobrir que tem um grande coração. O sentimento ainda continua lá. No fundo, noves fora os ressentimentos, nutre um grande amor por seus semelhantes. Mas acontece que seu coração foi colocado em uma redoma de grossas paredes. Construídas para proteger-se, não sofrer, precaver-se. E, ao pulsar escondido, não se oferece nem doa o que tem de melhor. Resguarda-se, mas não se desenvolve. E é ele que precisa ser tocado para que essa condição mude.  

 

Liderança não é uma questão técnica, mas existencial. Técnicas ajudam, sem dúvida, mas não contribuem para que um coração bata no compasso, ritmo e harmonia adequados. Chegar a tal equilíbrio exige um processo de auto elaboração, uma metanoia. Um líder precisa trabalhar o seu íntimo, a sua história, o seu devir. Tem de retomar a sua essência e resgatar a criança livre e criativa, que ficou perdida mundo afora, nos reveses do passado. Esse talvez seja o principal presente que um líder pode oferecer a sua equipe e à empresa que dirige. Para o bem de todos e para o seu próprio. Experimente e constate. Sem medo! 

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