Lembro-me da corruptela que o meio político fez daquele verso da Oração da Paz atribuída a São Francisco e que diz “é dando que se recebe”. Os corruptos a transformaram num toma-lá-da-dá, naquele velho cinismo de que uma mão lava a outra. Nada mais sórdido diante da impoluta figura de Francisco de Assis.
Sim, é dando que se recebe! O santo sabia que, quando se dá com amor, algo em nós se eleva e esse algo é o próprio amor. Para expressá-lo, é preciso que seja produzido. Aliás, o amor tem magia, mesmo. Impossível conhecê-lo sem que seja dado. Conceitos, definições ou teorias, sejam quais forem, não servem para nada, até que a gente o experimente por conta própria, e essa experiência vem da doação. É dando, portanto, que se recebe o amor.
A magia continua no ato de receber. Quem conhece o amor, é capaz de reconhecê-lo também quando ele é dado. E, uma vez reconhecido, o movimento natural é abrir-se para recebê-lo. Ou seja, abrir-se para receber o amor é também um ato de doação. Permitir que o outro nos dê amor é permitir, também, que o amor cresça no outro.
Quem não recebe amor de ninguém não acredita na capacidade de amar das pessoas. O que tal pessoa deixa de levar em conta é que, fechada em si não deixa nenhuma brecha para que o amor penetre e, com isso, não dá a mínima oportunidade para que o outro expresse o seu amor. Quantas vezes já amamos sem nos sentirmos correspondidos? Pois é, esse é o fenômeno do amor que não encontra espaço para se esvair e, por isso, morre asfixiado.
Atenção, todos aqueles que não se sentem amados e perderam a esperança no amor saibam que o amor está no ar! Ele é a nossa essência, é o que somos. Caminha por aí em cada ser humano, ora desesperado, ora apaixonado. Muitas vezes não consegue conter o seu dom e, num arroubo, é capaz de dar-se mesmo a quem não deseja recebê-lo. É a prova maior de sua infinitude e a sua suprema vitória. Ame e contemple essa maravilha!