Pressionados pelos resultados, muitas vezes esquecemos o processo. E quando a recompensa fica restrita somente aos resultados, o trabalho é UFA! – aquele que provoca um sentimento de alívio, não de alegria. A alegria, esta levíssima e agradável sensação, está no conjunto “resultado mais processo”. Só assim, em vez do UFA! surge o OBA!, ou seja, o trabalho se transforma em obra.
Perdemos de vista as dimensões do trabalho, quando ele suscita apenas o UFA!, concentrado só no resultado. Tomemos como exemplo um símbolo de produto atemporal, o tão conhecido pão nosso de cada dia. O pão tem a sua origem no grão de trigo, plantado, colhido, debulhado. Em cada grão, está concentrado o trabalho do semeador, do lavrador, do ceifador, do malhador, do carroceiro, do moleiro. E, se expandíssemos ainda mais a visão para além dos tempos, encontraríamos nele o empenho do primeiro ser humano que o cultivou e de todos os que o aperfeiçoaram, ao longo da história.
Tantos outros atuaram ao redor do grão de trigo, como os operadores de máquinas agrícolas, capazes de arar, colher, debulhar, entre outras etapas do processo. Sem falar nos profissionais envolvidos com o projeto e a produção das próprias máquinas: mecânicos, pintores, responsáveis por sua lubrificação e abastecimento. A imaginação viajará longe se pensarmos sobre a origem de cada peça dessas máquinas e quem as moldou, forjou, fundiu e transportou em navios, aviões, caminhões e outros meios. O processo continua com múltiplos desdobramentos até que o trigo seja transformado em farinha, para chegar às mãos do masseiro, do forneiro e de quem vai entregar o pão quentinho ao cliente.
O resultado final é a venda e o dinheiro em caixa, mas é na obra que encontramos uma humanidade inteira no mistério da colaboração. E essa maravilha – as dimensões do trabalho – nos escapa, quando só o que nos interessa é o tilintar do caixa.
Em nossos negócios, somos ofertantes. As ofertas são muito variadas, entre matérias-primas, insumos, produtos, serviços. Ao redor delas existe uma sutil aura de energia humana. Tal energia pode estar carregada de raiva, orgulho, inveja e vaidade, ou então de serviço, solidariedade, entrega e amor. E é a diferença entre um e outro desses dois pacotes que torna um trabalho UFA! ou OBA! e faz dele uma obra.
Deixo aqui uma reflexão e uma homenagem. A reflexão é sobre o efeito da crise que gera o imediatismo voltado ao resultado, deixando de lado a obra, um engano cujo efeito direto é acentuar ainda mais a obra e afugentar a Musa. A justa homenagem é dirigida a todas as empresas e líderes capazes de criar trabalhos que dignificam o ser humano e geram sentimentos OBA! e onde a crise não vê lugar.
Salve o Dia do Trabalho.