Desista do modelo errado!

Metas todos conhecem. São traduzidas em números para que possam ser avaliadas. Movimentam as empresas, os departamentos, as pessoas. E, geralmente, quando atingidas, são usadas como referência para a distribuição de recompensas aos colaboradores. A isso dá-se o nome de meritocracia.

Funciona mais ou menos assim: “prezados funcionários, nós estamos fixando uma meta clara para vocês; se atingirem, haverá uma recompensa, do contrário, uma punição”.  É essa a real mensagem, mesmo que nem sempre tão explícita.

Os arranjos de negócios são na base das metas e recompensas, dos incentivos e castigos. Tudo puxando para o imediatismo, os resultados no aqui e no agora. Talvez seja por isso que existam empresas tão raquíticas, sem o devido tempo para se desenvolver, muito menos para criar e arriscar, tão concentradas que estão a repetir as mesmas coisas e a perseguir objetivos de curto prazo.

As metas são as principais norteadoras de um breve lapso de tempo, que jamais construirá outro tipo de história, exceto essa, a de correr atrás delas por uma vida inteira, como o inutilmente exausto Sísifo a empurrar a pedra montanha acima. Metas são como horas que levam uma vida inteira para passar.

O que existe de mais insano nisso tudo é que tal modelo não funciona. Constate com seu próprio exemplo de amargar realizações sempre aquém das metas. “Uma meta numérica leva à distorção e ao fingimento, especialmente nas situações em que o sistema não tem condições de atingir a meta. ” Sabe quem disse isso? Nada mais nada menos que o pai da Qualidade, o sempre lúcido W. Edwards Deming.

Por que, então, insistir em um modelo que não dá certo? Porque falta um propósito, algo muito além da meta. Esta, aliás, todos sabem o que seja, um propósito, no entanto, poucos conhecem e vivem.

Há quem confunda propósito com meta, objetivo, missão e visão. Mas propósito é mais que isso tudo. E a palavra que o distingue é significado. Sim, é para isso que existe o propósito, para dar significado às nossas ações, no presente e no futuro, e à direção a tomar.

Acredito que o uso exagerado de metas é para disfarçar a ausência de propósito, gerando uma movimentação míope entre pessoas que não sabem exatamente o que estão fazendo.

O que verdadeiramente funciona, de forma sustentável, se fundamenta num propósito em que todos os envolvidos acreditam e estão dispostos a apoiar com criatividade, paixão e capacidade de agir para que ele se realize. As pessoas, unidas no mesmo propósito, são a única fonte confiável e duradoura de resultados no curto, médio e longo prazos.

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