Quem sente satisfação consigo? Assim é a vida: uns gostariam de ser mais altos, outros mais magros. Alguns mais inteligentes, outros mais espertos. Existe quem preferiria ter nascido em outro país, outro de nem sequer ter nascido. Assim somos nós. Dificilmente alguém olha para si e sente-se bem com seus atributos, como por exemplo o físico, a inteligência, as aptidões, os hábitos.
Há quem não resista ao ímpeto de amaldiçoar o lugar onde vive, a genética, a educação – ou a ausência dela -, a formação, a religião. “Ah, se tivesse nascido em outro país”, “ah, se tivesse morado em outra cidade”, “ah, se tivesse tido bons professores”, “ah, tivesse arranjado um bom emprego”, “ah, se tivesse cursado outra faculdade“, “ah, se tivesse tido uma boa família”. São vários “ah, se…”.
Culpados não faltam para justificar nossos desagrados. É como se olhássemos somente a copa da árvore, incomodados com as suas deficiências, sem considerá-la por completo. Fixados somente nas aparências, continuaremos retidos nas faltas.
A árvore, no entanto, não obstante as deficiências da copa, tem suas raízes e podemos, sim, escolher aquelas que mais nos honram. Podemos escolher ser íntegros, generosos, livres e gentis. Podemos enxergar as fartas e investir naquelas que poderiam ser desenvolvidas.
Há quem se ressinta da ausência de beleza. Quem cultiva a raiz da beleza em sua árvore, inevitavelmente expressará essa beleza em sua copa.
Há quem clame por um mundo mais generoso. Quem cultiva a bondade dentro de si manifestará naturalmente a bondade em todo o seu entorno.
Há quem deseje um mundo mais verdadeiro. Quem cultiva a verdade dentro de si, transmitirá naturalmente essa verdade em todas as ocasiões.
Tais raízes virtuosas representam a nossa honradez e fatalmente resplandecerão na copa na forma de gestos de elegância.
Ao invés de ressentir-se das deficiências, amaldiçoar as supostas causas e fixar-se nas faltas, cultive as fartas que já possui e invista naquelas que podem ser cultivadas.
Cuide da própria árvore e a sua nobreza surpreenderá o mundo.