Ele foi um competente CEO. Mais do que um verbo ou uma opção estratégica, para ele crescer era como um mantra e market share, o desafio diário. Não foi à toa que a companhia em que atuava despontou como a primeira da América Latina e a principal no seu ramo de atividade no mundo inteiro.
Quando digo foi, não se trata de um cargo antes ocupado e deixado a um sucessor. Não houve tempo para isso. O eficaz CEO “viajou antes do combinado”, como dizia o também saudoso Rolando Boldrin. Faleceu aos 55 anos.
Aprendemos muito um com o outro. Para mim, foi um exemplo de eficácia, ousadia, resiliência, liderança. Conhecia tanto os desafios de cada área da empresa como as competências de cada líder. Escalava o time com maestria.
Convidou-me, certo dia, para presenciar uma reunião de diretoria. Acontecia às segundas-feiras pela manhã, na sede da organização. O assunto era simplesmente crescer, crescer, crescer. E, claro, resultados, resultados, resultados. Quanto vendeu, quanto entregou, quanto está encomendado, quanto tem em estoque. Quanto, quanto, quanto. Uma manhã regada a dezenas de xícaras de café, diante de uma planilha exposta em PowerPoint. Muitos se levantavam diante daquela projeção que, para piorar ainda mais, exigia luzes apagadas para melhor visualização. Bendito café!
Ao final, compartilhei as minhas impressões. Lembrei a ele que uma empresa não é apenas corpo, em que se contabiliza os quantos, mas também mente, em que se estuda o para quem, e alma, em que se define por que e com quem.
Além das percepções sobre aquela reunião, eu contava com informações obtidas nos programas de educação que conduzia na Metanoia. Sabia que seus líderes não tinham vida pessoal saudável. As famílias eram deixadas em segundo plano. Não eram donos de suas agendas e as prioridades de horários, tanto ordinários quanto extraordinários, pertenciam à companhia. Todos bem remunerados, mas com a “alma entregue ao diabo”, como se diz no popular.
Ao me ouvir, atentamente, foi quando o eficiente CEO despertou. Enxergou que poderia haver uma sinergia virtuosa entre a vida e o trabalho. Não havia razão para que um subtraísse o outro. Cunhou um slogan que coroou um novo jeito de trabalhar, liderar, fazer negócios e obter resultados: crescer humanamente. Descobriu que florescer era mais do que crescer. Contemplava as pessoas, além da organização.
As reuniões passaram a ter corpo, mente e alma. Continuaram tratando dos indicadores de corpo (os quantos), mas também dos indicadores de mente (finalmente, a presença do cliente) e os indicadores de alma (em que tratavam da qualidade de vida). A energia passou a ser outra.
Hoje, ele é lembrado com reverência por seus líderes. Quando encontro com alguns deles, ele é sempre rememorado nas nossas conversas. Continua vivo entre nós. “Crescer humanamente” foi o propósito que honrou enquanto viveu. E certamente a sua memória não está no verbo que tanto perseguiu e na empresa líder de mercado, mas na palavra que se seguiu ao verbo e nas mudanças que houve a partir daí.
Presto aqui uma singela homenagem a Carlos Redondo e ao grande e corajoso líder em que se transformou.
Linda e merecida homenagem.