– Empresa não é lugar para a bondade.
Foi o que ouvi, juro! E me pus a refletir: a empresa não tem mesmo espaço para a bondade? Fui até mais longe: será que existe algum ambiente onde não caiba a bondade? Se for verdade, para que serviria? Ou quem gostaria de habitá-lo?
É certo que algumas empresas vivem uma arena de guerra e é muito difícil pensar em bondade quando tudo o que se tem a fazer é defender-se dos bombardeios. Ainda assim – continuei a pensar no tema – por que exilar a bondade? Que mal ela provocaria, para merecer tal destino?
Às vezes diminuímos a importância da empresa. Reduzida a mera transformadora de matérias-primas em produtos acabados ou de mercadorias em contas a receber, fazemos dela algo boçal. Um tipo moderno de escravidão em que todos se juntam anonimamente para ganhar o dinheiro que nem sempre cobre todos os custos ou destinação que justifique o esforço.
Um dia desses, tomei o elevador em um prédio. Três moças entraram junto comigo. Não se cumprimentaram. Nem ao menos se entreolharam. Achei curioso que tenham descido no mesmo andar, dirigindo-se ao mesmo local. Dali sugiu outra garota, que tomou o elevador. Perguntei, curioso:
– Sabe se aquelas jovens trabalham nesse lugar?
– Sim – ela respondeu.
– Estranho… – eu comentei. Pareciam totalmente desconhecidas!
Espantei-me com a ausência de cordialidade ou de um gesto básico de educação, capaz de sugerir um mínimo de generosidade.
É para ser assim?
Há quem ache que empresa nada tem a ver com amizade, fraternidade, solidariedade, bondade. Mas, como se trata de um habitat humano, todos esses valores deveriam estar presentes, pois, como os gestos que inspiram, contribuem para a esperança de um mundo melhor, começando pelo lugar onde passamos a maior parte da nossa vida.
Não deveria haver nenhuma restrição para o exercício da bondade. Gestos generosos despertam o que há de bom nas pessoas, mas que andava adormecido. A partir desse estímulo, quem o partilha realiza trabalhos que tecem uma corrente do bem. Para quem faz, para quem dele se beneficia, para a alegria de todos. Que assim seja, então. Contribua você, também!
“Corrente do Bem Eu Também”