Confie, pois é mais inteligente!

Escuto, com muita frequência, que “é preciso confiar desconfiando”. Também ouço dizer, não raras vezes, que a confiança precisa ser conquistada, ou seja, “eu confio nas pessoas que provarem ser dignas da minha confiança”.

A questão é bem outra! Nada a ver com as pessoas serem confiáveis ou não. A questão é que, quando são determinadas as condições em quem se pode e em quem não se pode confiar, perde-se muito tempo e energia pensando nisso. Se você trabalhar com a premissa de que as pessoas não são confiáveis até prova em contrário, o que é muito comum na forma de pensar mais habitual, vai ser muito difícil construir um ambiente de trabalho saudável e criativo. Mais fácil será encontrar pistas, reais ou irreais, de que as pessoas “não são mesmo confiáveis”, comprovando a tese da desconfiança.

O mais sábio, então, é partir sempre da premissa da confiança. E acreditar que as pessoas querem fazer um bom trabalho e o farão, se você confiar nelas. Evite a tentação de pensar que se trate de ingenuidade, mais sim é um claro sinal de inteligência. Acreditar nessa premissa rende relacionamentos mais fecundos e produtivos, bem como um estado de ânimo positivo. E isso já é muito melhor do que o contrário, respaldado na desconfiança ostensiva ou, pior, velada.

É claro que nem todo mundo quer fazer um bom trabalho e merece a confiança que lhe foi depositada. Mas decepções e frustrações fazem parte do drama e de nada adianta se proteger da dor da traição. Também carece de valia punir colaboradores e parceiros que são devotos confiáveis, por conta de uma minoria. Acredite, muita gente faz isso, ao transferir pesos indevidos a quem é de todo respeito!

Se tudo fica bem claro, no quesito, vale um adendo: não confunda “confiança” com “competência”. Há quem diga “não consigo confiar no meu líder para fazer uma apresentação a nossos clientes”. Tal sentimento, que até pode ser legítimo, não se refere à confiança, mas à competência, algo que se resolve com capacitação, acompanhamento, experiência. Confiança, por outro lado, está mais próxima da integridade do que da competência.

E aqui vai mais outro adendo a esse importante tema: não confunda erro com delito. Erros são cometidos por colaboradores ousados que, por falta de preparo ou experiência, ainda não conseguem fazer de forma correta o que está sob sua responsabilidade. É injusto classificar quem os comete no rol de não-confiáveis. Delito, além de ser um agente de contaminação, é uma falta que deve ser punida, pois coloca em risco a integridade e os valores da equipe ou da empresa.

Em suma: confiar sempre! Em todas as pessoas. Pois esta é a única maneira de criar um ambiente em que a confiança exerça uma virtuosa função de adubo para gerar relacionamentos saudáveis, ideias criativas e um fluxo positivo de prosperidade. E também constitui a melhor maneira de cada um construir, caso esteja em processo, a sua própria integridade.

Se inscrever
Notificar de
guest
2 Comentários
Mais velho
O mais novo Mais votado
Inline Feedbacks
View all comments
Rogério Ferreira
Rogério Ferreira
7 anos atrás

Excelente artigo. A confiança é a grande parceira nos ambientes de trabalho, pois em um time temos que poder sempre contar um com o outro.
A questão de propor a um membro da sua equipe um desafio deve ser sempre porque o líder confia na capacidade do liderado de buscar o que é necessário para cumprir a missão. Cabe ao líder conhecer bem a equipe e criar no seu relacionamento a abertura para que cada um possa ao assumir uma tarefa expressar o seu nível de segurança e competência para chegar ao objetivo. A partir daí o líder negocia os desafios e se necessário ajuda na busca de recursos para que seu liderado possa cumprir as metas. Isto aumenta ainda mais o sentimento de confiança no grupo, onde cada um é apoio e cada um se compromete com o resultado da equipe.

Ricardo Stiepcich
Ricardo Stiepcich
7 anos atrás

Não sei se vou estar sendo um tanto trágico demais, porém acredito que a desconfiança em excesso pode ser uma das causas de sérios transtornos da saúde, conheço pessoas que estão doentes e penso que tem uma relação com as questões da confiança, ou melhor, da falta dela, parece ser um fator psicossomático.
Portanto, “confiar sempre”!!!
Abraços
Ricardo Stiepcich

Quem leu esse artigo também leu esses:

  • Desvendando as competências submersas.

    O principal trabalho do líder é conseguir os resultados. Penso que estamos de acordo quanto...

  • Uma dica preciosa sobre liderança

    Lembro-me até hoje, embora já faça bom tempo do ocorrido. Quando os operários de certa...

  • A imprescindível liderança terapêutica

    “Virtudes de currículo” versus “virtudes louváveis”. Gostei disso. Li a respeito no novo livro de...


Vamos conversar?