Chamamos de zona de morta aquele espaço de vida em que estamos estagnados, alienados, naquele nem sei que não sei. Acomodados na santa ignorância. Aí não há aprendizado nem vida, apenas uma existência monótona. Mas a zona morta não é, ainda, a pior armadilha na qual se pode cair, distraidamente. Existe outra, bem mais perigosa e sorrateira: a zona de conforto. Sim, porque esta nos oferece algum tipo de prazer e de felicidade, ambos enganosos.
Apesar das sensações agradáveis, não é nesse espaço de vida que exercitamos nossos potenciais e onde seremos capazes da autorrealização. É na chamada zona de expansão ou zona de aprendizado que exercitamos as potencialidades, para trazer à luz nossos dons e talentos. Ocorre que, para migrarmos da zona de conforto para a zona de expansão ou de aprendizado existe uma ponte. E essa ponte chama-se risco.
Risco não é uma palavra que soa agradável. Representa ameaça e perigo. E nosso instinto de preservação faz com que busquemos resguardo e proteção. Tratamos de evitar o risco, para nos poupar das feridas que ele possa causar. Assim, nos livramos do sofrimento, mas também não crescemos. Ficamos atolados na zona de conforto, certos de estar vivendo o melhor da vida, quando apenas nos limitamos a manter a pele a salvo de queimaduras.
Correr riscos é enfrentar o medo. Um ato de coragem, portanto. E coragem é colocar o coração à frente, deixar que ele abra o caminho por onde as nossas potencialidades possam passar. Cada vez que assumimos um risco, aumenta nossa confiança na vida e em nós mesmos. Quanto mais confiança tivermos, maior será nossa capacidade de poder e de realização.
Uma proposta: faça uma lista e assuma ao menos um risco por semana, começando pelos pequenos. Pense em todo o holograma humano e nos riscos a enfrentar no trabalho e na vida pessoal, na família, nos relacionamentos e na esfera espiritual. Desde dizer algo que pensa e sente para alguém que você evita até passar a mão sobre a cabeça daquele cachorro do vizinho (desde que não seja um pitbull treinado para atacar, é claro).
Comece a semana lendo o risco que deve ser assumido nos próximos sete dias. Preste muita atenção ao que você está evitando, por causa do medo. Claro que você pode antecipar alguns, retirar ou acrescentar outros. O mais importante é transpor a ponte que conduz você da zona de conforto para a zona de expansão e aprendizado. Se o medo falar mais alto a ponto de levar a alguma resistência, não desista. Dê um tempo àquele risco, espere uns dois ou três meses e recoloque-o novamente na lista. Mesmo que seja o pitbull do vizinho. Nem todos são ferozes como se imagina.
Assumir um risco por semana é a construção do esteio através do qual você terá coragem para se defrontar com riscos maiores. É o que lhe permitirá descobrir potenciais que você jamais imaginou possuir. Por isso, não deixe de comemorar as vitórias. Todas. Sem exceção.
Assumir riscos e enfrentar medos é trazer de volta aquela criança destemida e corajosa que ainda vive dentro de cada um de nós, muitas vezes oculta pela mesmice da maturidade sem brilho nem encanto.
Experimente! Você vai se surpreender com as descobertas!