Livros e ensinamentos sobre gestão ignoram um fator importante na vida das empresas: as imagens que cada um leva para o trabalho. Problemas de relacionamento e de qualidade das decisões podem ser explicados mais pelas imagens interiores do que por fatos e dados do mundo considerado real.
Imagens interiores são antes emocionais, menos racionais, portanto. Do ponto de vista neurológico, atuam mais no cérebro límbico do que no neo-cortex. Trocando em miúdos, elas podem nos mover para um lado ou outro, indiferentes à realidade. E aí está o problema e, ao mesmo tempo, o desafio: as imagens que carregamos conosco são mais determinantes de nossa qualidade de vida e do trabalho do que a própria realidade. Podem nos conduzir ao sucesso ou a retumbantes fracassos.
Muitas vezes, o problema de relacionamento com o chefe ou o colega tem mais a ver com a projeção de imagens interiores do que com a realidade. O mesmo raciocínio vale para a leitura do mercado. Se somos todos projetistas, precisamos melhorar a qualidade de nossas imagens interiores, as quais sofrem grande influência do mundo de fora.
Pessoas que passam horas e horas diante da televisão ou navegando na internet em busca de informações sentem-se mais cansadas e sobrecarregas do que aquelas que sabem usar seu tempo com mais discernimento. O consumo exagerado de coisas de fora diminui o poder das imagens interiores. Quanto mais dependentes somos do que acontece fora, menos elaboramos criativamente o que se passa dentro de nós. Acontece um efeito-simbiose perverso: as imagens internas não se desenvolvem, dependentes das externas, as quais, por sua vez não se renovam nem se qualificam, empobrecendo mais ainda as interiores.
O efeito-simbiose pode ser rompido e modificado. Existem imagens externas que podem nos fazer bem e instigar a nossa criatividade. São aquelas que, por serem belas, boas e verdadeiras, despertam o belo, o bom e o verdadeiro que habitam em nós.
O que é belo, bom e verdadeiro agrada e alegra. Aguça o sexto sentido. E nos coloca em movimento. É difícil não ser tocado pela beleza. É difícil, também, não se curvar diante da bondade. É difícil, ainda, ficar sentado, imóvel, diante da verdade. Essas virtudes reconstroem as nossas imagens interiores, muitas vezes deformadas pela entropia que nos assola. É como se elas trocassem as lentes de nossos óculos, movendo-nos do ciclo vicioso das criaturas para o ciclo virtuoso dos criadores.
O bom, o belo e o verdadeiro nos tornam receptivos para algo mais profundo em nós, as imagens advindas de nossa essência. Se levarmos imagens virtuosas para o trabalho, tudo vai se organizar, naturalmente: as relações, os negócios, os resultados. É quando o efeito-simbiose dá lugar ao efeito-sincronicidade. Mas isso já é assunto para uma próxima reflexão.
Nosso pre jugamento … temos que mudar isso