Há 2500 anos Sócrates disse que “educar é ensinar a pensar”. Além de filósofo, ele era uma grande educador. Seu método, a maiêutica, significa, em grego, “a arte de dar à luz”. Na prática da maiêutica, o mestre não dá as respostas. Através de perguntas, conduz o aprendiz ao conhecimento. Permite que ele aprenda com autonomia e tenha a liberdade de expressar suas potencialidades, colocando-as à luz.
Nas empresas, um bom número de líderes atua de forma contrária. Eles representam a fonte do controle e do conhecimento. Atuam como enciclopédias ambulantes, certos de que estão cercados de ignorantes por todos os lados.
Poderíamos elencar várias razões para explicar esse tipo de líder: o gosto pelo poder, a necessidade de estar no controle, o sentimento de ser útil, a carência por atenção e assédio, a vaidade pelo conhecimento. Gostaria, entretanto, de destacar um fator muito comum: a forma de enxergar a empresa.
Por exemplo: uma empresa pode ser vista como um processo, com input e output. De um lado, os insumos: matérias-primas e mão-de-obra, para uma empresa industrial; mercadorias, para uma empresa comercial; informações, para uma empresa de serviços. Olhando dessa forma, tudo o que se tem para fazer é processar esses insumos e obter algum ganho com isso.
O fato é que um negócio perde muito quando entendido de maneira tão técnica. Existe outra forma de enxergar uma empresa: como um organismo vivo, de corpo, mente e alma. Assim como um ser humano. Dotada de consciência e competência. Portanto, um organismo com capacidade – e vocação – de aprender.
A empresa como um organismo vivo é uma boa imagem. É essa que, diferentemente das empresas mais rígidas e burocráticas, consegue responder com mais competência às demandas do mercado.
A empresa que aprende funciona bem, quando pensamos o ambiente externo, os mercados, as tendências, o futuro. E funciona melhor ainda quando pensamos o ambiente interno e as pessoas que lá trabalham. Afinal, as necessidades e demandas das pessoas também mudam com o tempo.
Daí surge o principal problema: como aumentar as competências quando o líder limita ou restringe o aprendizado?
Aí está o maior desafio: transformar chefes em líderes. Líder que é líder educa. Ser educador é a principal diferença entre líder e chefe.
Para ser educador, é preciso ter coragem de fazer uso das três palavras principais: “eu não sei”.
“Eu não sei” significa “você que descubra”. A partir daí, um grupo de subservientes começa a dar lugar a uma futura equipe de curiosos. Que passa a buscar a informação e o conhecimento. Que começa a trocar informações entre si. Que exercita a reflexão e o pensamento. Que ousa criar. E, assim, pode viver a sua autonomia e aprender com liberdade.
Faça o teste: você pensa na sucessão? Já tem quem possa assumir o seu lugar? Se você pode prescindir da posição em que está, então é possível que lidere uma empresa que aprende. Sorte sua! Caso contrário, é bom reavaliar o que tem feito até agora. Sempre é tempo de mudar!