Ano novo, vida nova! A frase é conhecida demais, e as intenções que a evoca e a inspira são sempre as melhores. Nas companhias, sua tradução está impressa nos movimentos de planejamento estratégico, nos planos de metas e de orçamentos. A intenção é gerar forças que impulsionem a empresa e o negócio para novos patamares de prosperidade. E, para esse fim, não faltam propostas de investimentos e projetos. No entanto, geralmente não há uma referência sequer à retirada de forças restritivas do sistema para que o empreendimento navegue com mais leveza e facilite a capacidade que o negócio possui de gerar riquezas.
Pensando nisso, me deparei com a mensagem de Natal do papa Francisco e a lista dos males que afetam a Cúria Romana. Ao ler a relação, vi que muito se aplica à outras organizações que sofrem das mesmas doenças. Duvida? Confira, então.
O papa Francisco citou quinze. Veja se alguma delas – ou, quem sabe, até mais de uma – você̂ consegue identificar em sua empresa e que também precisa ser eliminado, para que o seu negócio flua melhor neste novo ano:
1) Sentir-se autossuficiente, não fazendo autocrítica, não se atualizando e não tentando melhorar.
Tudo, sem exceção, pode ser melhorado. Se a sua empresa é boa, faça com que ela seja ótima. Se é ótima, torne-a sensacional! Dê sempre um passo à frente, buscando novos conhecimentos para que ela tenha ainda mais sustentação. Que ela seja uma empresa de aprendizado.
2) Trabalhar demais sem repouso.
O que faz uma boa música é o intervalo entre as notas. O ritmo é que torna a sonoridade mais brilhante. Do contrário, não passaria de uma irritante sirene. Qual é a música que a sua empresa está produzindo? Sua sonoridade vai depender dos intervalos e repousos.
3) Perder a sensibilidade que nos faz chorar com os que choram.
De um lado a eficácia, de outro, a beleza. De um lado a necessidade, de outro, a sensibilidade. De um lado a responsabilidade, de outro, a compaixão. Você não tem de abrir mão de um lado em prol do outro. Apenas lembre que existem dois lados. E deixe ambos aflorarem.
4) Limitar a liberdade do Espírito Santo devido ao excesso de planejamento.
Foi Wood Allen quem disse uma vez: “Se você̂ quiser que Deus ria de você, faça planos”. Nem tudo de bom que acontece é resultado de planejamento. É preciso deixar brechas para que as boas luzes entrem, clareando a obra.
5) Trabalhar sem coordenação, como uma orquestra que só produz ruído.
Novamente a música: “ou o canto da araponga, ou o canto do uirapuru”. É uma questão de escolha e dos valores subliminares.
6) “Alzheimer espiritual”, que atinge os que esqueceram de seu encontro com o Senhor.
Muitas são as demandas, as necessidades, as carências, as faltas. Mas existe uma só Vontade! Que tudo se faça conforme essa Vontade!
7) Fazer da aparência e dos títulos o principal objetivo da vida.
Colocar o que é visível no lugar da essência vai ser sempre um jogo perdido, é só questão de tempo.
8) “Esquizofrenia espiritual”, que muitas vezes afeta os que trocam o serviço pastoral pela burocracia.
A empresa também tem um “serviço pastoral”: servir o cliente. Nada é mais importante do que isso, muito menos o excesso de controles.
9) Praticar o “terrorismo da fofoca”, falando pelas costas.
Existe o fato e a versão do fato. A fofoca tem o poder de criar um ambiente fictício, em que a versão prevalece sobre o fato. Um tipo de terrorismo, disse o papa, sem buscar belas palavras para “dourar” a mensagem.
10) Cortejar os superiores e honrar pessoas que não são Deus, esperando por sua benevolência.
Não espere o infinito de pessoas finitas. Líderes são apenas pessoas com um pouco mais de poder e influência. Não são donos da verdade nem da razão.
11) Por ciúmes ou astúcia, ficar contente com a queda de alguém, em vez de ajudar essa pessoa.
O maior exercício de compaixão é auxiliar alguém que você não gosta. Nem sempre é fácil gostar. Mas amar é outro exercício e desse somos todos capazes.
12) Ter um “rosto fúnebre”, muitas vezes sintoma de medo; o apóstolo deve transmitir alegria por onde passa.
Uma testa franzida pode colocar tudo a perder. Quando você está a serviço de uma causa ou de alguém, o trabalho é sempre uma alegria.
13) Tentar preencher o vazio existencial do coração com bens materiais.
Bens finitos não satisfazem os desejos infinitos que todos nós, humanos, possuímos. Quando esses desejos são atendidos, sentimos a verdadeira alegria, aquela que vale por si só. Este não carece de bens materiais.
14) Formar “círculos fechados”, que buscam ser mais fortes do que o todo.
Uma hora você acabará entendendo que a parte está no todo e o todo está em cada parte. Não existe separação. A separação é causadora de medo.
15) Querer mostrar-se mais capaz do que os outros, por meio da calúnia e difamação.
Capacidade é muito mais talento que astúcia. Vencer por calúnia e difamação é uma fraqueza mais que dispensável, nefasta.
Vamos começar bem o ano. Aliviemos o sistema, eliminando suas forças restritivas. Só assim as energias impulsionadoras podem gerar os resultados, com fluidez e leveza. Experimente e comprove!
BEM-VINDO SEJA, 2015!
Enfim, 2015 começou! Obrigado!