A Ressurreição do Sentido

Uma Páscoa para os Negócios com Alma

 

Há datas que passam. E há datas que nos atravessam: uma delas é a Páscoa. Um convite silencioso à travessia. Trata-se de uma passagem profunda: da morte simbólica de tudo o que não serve mais ao renascimento daquilo que verdadeiramente importa.

Se olharmos com olhos de ver, a simbologia da Páscoa é mais atual do que nunca – especialmente no mundo dos negócios.

Sim, é possível falar de renascimento dentro das empresas. É possível falar de nobreza na gestão. É possível falar de propósito sem parecer piegas, desde que se fale com alma.

Toda ressurreição pressupõe morte anterior.

Nos negócios, talvez seja a hora de permitir que certas coisas morram: o modelo de liderança baseado no controle, na hierarquia cega, no ego inflado; a obsessão por métricas desumanas e metas que atropelam o sentido; a cultura da pressa, do imediatismo, da escassez, do “cada um por si”.

Há sistemas inteiros adoecidos. Estruturas enrijecidas que precisam morrer para que venha à luz algo novo. Nada a ver, porém, com extinguir negócios e empresas, mas de libertá-los do que os aprisiona.

Toda empresa que perdeu sua alma se assemelha a um sepulcro. Tem estrutura, tem processo, tem até movimento – mas carece de vida pulsante.

A pedra que sela esse túmulo tem muitos nomes: vaidade, arrogância, ganância, apatia. Mas toda pedra pode ser removida, quando a intenção é nobre.

Uma intenção pura é mais forte que qualquer obstáculo. E quando o propósito reencontra o seu lugar, a luz volta a entrar.

Negócios com alma são urgências, não utopias.

São aqueles que reconhecem sua vocação de servir, transformar e contribuir. Não vendem produtos: entregam significado. Não contratam pessoas: acolhem seres humanos.

Não perseguem lucro: geram prosperidade. E prosperidade aqui, não é excesso. É abundância compartilhada. É impacto regenerador. É deixar o mundo melhor do que o encontrado antes.

Líderes renascidos são diferentes. Eles se colocam a serviço, não acima. Eles sabem que liderar é oferecer o melhor de si ao crescimento do outro. São cultivadores de potenciais. Gestores de desejos. Curadores de talentos.

A gestão com alma se aprende em escuta profunda, não em planilhas. É feita de presença verdadeira, não com fórmulas prontas.

É bem possível que a Páscoa nos chame para além do chocolate e das tradições. Talvez nos convoque a liderar com outra qualidade de presença. A fazer da empresa um templo do humano. A fazer da gestão um ato de cura. A fazer da liderança uma oferenda à vida.

Negócios com alma são aqueles que ressuscitam o que o mundo tenta matar: a esperança, a compaixão, o pertencimento, o sentido.

Que esta Páscoa nos encontre dispostos a atravessar. A morrer para o que não serve mais. E a renascer, com nobreza, para tudo o que ainda podemos ser.

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