A primeira experiência de democracia surgiu na Grécia Antiga, há 2500 anos. Funcionava assim: quando um governante excedia a dose de poder, os concidadãos, ressabiados diante da tendência à tirania, se reuniam em assembleia e colocavam a desconfiança em votação. Se fosse aprovada por maioria, o governante era destituído. Simples assim.
A desconfiança sempre andou de braços dados com a democracia. Séculos depois, inspirado no grego Aristóteles, Montesquieu formulou a teoria dos três poderes: o executivo, que funciona como uma gerência; o legislativo, que produz as leis; o judiciário, que zela para que as leis não sejam abusivas.
A tese por trás dos três poderes é a desconfiança permanente: o legislativo coíbe o executivo, que por sua vez é refreado pelo judiciário. Sem dúvida, um processo amarrado que parte da premissa de que alguém vai cometer excessos e, com isso, impede o bom fluxo de desenvolvimento. No fundo, quem está no poder é a desconfiança.
E isso chega à tensão máxima em época de eleições. É quando se convive o tempo todo e explicitamente com a desconfiança, pois as versões sempre prevalecem sobre os fatos. O que resulta em mais desconfiança, ainda.
É assim na sociedade, mas pode ser diferente nas relações. Os pescadores de pérolas nos dão um bom exemplo de confiança mútua e responsabilidade. Sem tanques de oxigênio, eles mergulham aos pares: um permanece na superfície, controlando os cabos atados ao outro, que submerge em busca de preciosidades no fundo do mar.
Quem está no fundo, procura os tesouros entre a vegetação, até que – quase no limite de suas reservas – dá um puxão no cabo. Usa o pouco ar que lhe resta para subir à superfície, com a ajuda do parceiro, que então mergulha para seu turno na incursão de cata às pérolas. Quem permanece à tona, conta o tempo e segura, firmemente, o cabo, para auxiliar o companheiro no retorno. Entre ambos, a confiança é irrestrita.
A desconfiança na sociedade, a confiança nas relações entre pares… e nas empresas? Qual é o melhor modelo, para os negócios? O dos três poderes? Se for, quem exerce cada um deles? Ou, se houver confiança irrestrita, quem mergulha? E quem puxa o cabo?
Confiar, desconfiar ou fiar juntos?
Se você quer se aprofundar clique nesse link: Artigo Golpe de Mestre
Olá Roberto, excelente texto!
Acreditarei sempre nas pessoas e na capacidade de troca, sem desconfianças, sim, fianças!
Abraço