A cilada da esteira hedonista

O carro novinho em folha fez a alegria do proprietário e de sua família. Tratava-se de um sonho que, finalmente, pode ser realizado. Da concessionária para a casa, tudo era puro contentamento que, no entanto, durou o tempo do trajeto. Ao estacionar na garagem do prédio, ao lado outro veículo também novinho em folha brilhava a sua superioridade. Coincidentemente, o vizinho acabava de comprar um outro, melhor e mais bonito. A comparação deve ser coisa do diabo, pois naquele instante, toda a alegria se esvaiu.

Daniel Kahneman, Prêmio Nobel da Economia e autor do conhecido livro “Rápido e Devagar”, cunhou o termo “esteira hedonista” para demonstrar a corrida inglória travada pelas pessoas para competir entre si, buscando estar sempre na frente.

Um objeto torna-se rapidamente obsoleto diante de outro superior e as expectativas se elevam. Uma esteira que nunca termina, mesmo para as pessoas mais ricas e com inúmeras posses. Sempre vão necessitar de mais prazeres para satisfazer necessidades crescentes.

Como escapar da cilada da esteira hedonista interminável?

O próprio Kahneman, que fez várias pesquisas, sugere uma maneira de driblar o problema: uma vida rica em relacionamentos recompensadores. São eles que podem oferecer algo além da finitude das coisas.

Nem todos os relacionamentos, no entanto, são recompensadores. Talvez aí esteja uma das razões a levar à tentativa de preencher o vazio de afeto com coisas que podem substitui-lo, mesmo que provisoriamente.

Considere o seguinte: se a cada cinco interações com uma pessoa apenas uma é positiva e as demais negativas, essa não é uma relação recompensadora. Se, no entanto, quatro forem positivas e só uma é negativa, trata-se de uma relação nutritiva.

Do oriente ao ocidente, acima ou abaixo do eixo do Equador, os relacionamentos positivos promovem o bem-viver. São

como vitaminas emocionais, sustentando-nos diante das dificuldades e das mazelas diárias.

Encare um desafio diário para enriquecer a sua vida: recrie relacionamentos, tornando-os mutuamente positivos. Se quiser, chame isso de elevação do Capital Relacional. Invista nele! E colha os frutos de uma colheita pródiga.

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Ricardo Stiepcich
Ricardo Stiepcich
3 anos atrás

A sede que não sacia!!!

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