“Na minha empresa reina a paz e a harmonia!”. Ouvi essa frase muitas vezes, quase sempre proferida com orgulho. Por vezes, acertava meu prognóstico. Junto à paz e harmonia, lá estavam a letargia, a ausência de iniciativa e ideias, a anomia.
Ora! Mercados não são ambientes calmos. Qualquer tentativa de construir uma empresa regular e estável está em dissonância com as pressões e turbulências de seu próprio meio ambiente. Mercados exigem movimentos! Isso inclui mudanças e mudanças promovem conflitos.
Mas não torça ainda o nariz. Conflitos não são assim tão ruins. É preciso, isso sim, admitir que os conflitos existem, compreender sua natureza e como funcionam.
Primeiramente, é bom desmistificar o componente negativo da palavra conflito. Conflitos fazem parte do trabalho. Mais ainda: equipes de alto desempenho são geradoras de conflitos. E isso acontece porque equipes de alto desempenho são compostas por pessoas comprometidas. Pessoas comprometidas lutam por suas ideias e convicções e estão dispostas a ceder somente quando convencidas por meio de argumentos irrefutáveis. Nesse ambiente, reinam os melhores desempenhos e resultados. E muita energia!
Diferença fundamental
Certamente você já participou daquelas reuniões em que alguém defende determinado ponto de vista em contraposição a outro que discorda veementemente. Quando um diz A, o outro diz B. E não há o que faça com que mudem de ideia, cada um em sua posição irredutível. Não se trata, pois, de conflitos de ideias. Trata-se de confronto entre pessoas. E aí há que se entender a diferença entre conflito e confronto.
No conflito, as pessoas estão dispostas a defender seus pontos de vista, mas sempre com a intenção de preservar a continuidade da relação. No confronto existe sempre o componente hostil, em que as pessoas se opõem no plano pessoal.
Maturidade e respeito
Atitudes passivas ou pacíficas são adotadas por pessoas que evitam os comportamentos agressivos. Preferem a política da boa vizinhança. Temem o conflito.
É certo que comportamentos agressivos são negativos. O tipo “bateu, levou”, que não leva desaforos para casa, é um criador de casos. Fomenta o confronto e a hostilidade. Ao final, tudo acaba com vencedores e perdedores. E como quem adota comportamentos agressivos não é dado a perder, os conflitos tendem, inexoravelmente, a se transformar em confrontos. Pessoas assim não conseguem enxergar uma situação de conflito como uma oportunidade de aprendizado e consenso.
É papel do líder, como administrador de conflitos, estimular comportamentos assertivos. Às vezes, a autenticidade e a franqueza são confundidas com agressividade, por aqueles que adotam o comportamento passivo. Mas não é o caso. Está certo que assertividade implica ser verdadeiro, mas sempre em estreita harmonia com o respeito. Isso requer uma boa dose de maturidade.
A sábia (e imprescindível) prática do consenso
O consenso é a melhor prática para impedir que os conflitos se transformem em confrontos. Isso implica algumas regras de conduta que vale a pena discutir com a sua equipe. Consenso implica discussão de bom nível, em que todos oferecem seus conhecimentos, experiências, percepções em prol da melhor decisão. As divergências são consideradas naturais, positivas e úteis.
Conflitos são bons! Necessários! Saudáveis! É preciso fugir do pensamento derrotista e negativo diante dos impasses e das divergências. Passe a olhá-los de maneira positiva. Assim, você conseguirá as melhores decisões e estas levarão aos melhores resultados. E isso não é tudo: você estará construindo uma equipe de alto desempenho, capaz de enfrentar desafios cada vez maiores.
Abençoados conflitos!
Resumidamente conflito é o resultado de uma construção mútua para o alcance de um grande resultado e o confronto é um jogo de éguos, portanto para que o conflito não se torne confronto é necessário mantermos um olhar apreciativo, uma escuta atenta fazendo uso de uma conversa de valor sempre que preciso e acima de tudo que construamos juntos nossos propósitos tornando-0 transparente e acessível a todos.