O dilema do trabalho exaustivo.

Sísifo é um personagem da mitologia grega que, por causa de seus crimes, foi condenado a empurrar eternamente encosta acima uma enorme pedra, que caía sempre antes de atingir o cume da montanha. Alguns dirigentes de empresas parecem sofrer da mesma sina. Suas empresas parecem enormes pedras e suas vidas fardos pesados. Trabalham exaustivamente e produzem muito pouco, em uma relação dispêndio/resultado altamente desvantajosa.

O dirigente a que estamos nos referindo sente-se refém da situação econômica. É crítico implacável do governo. Sua empresa quase sempre não atinge os níveis desejados de faturamento. Quando consegue vender, não consegue produzir. Quando produz e vende, não consegue obter lucros. Quando obtém lucros, não consegue transformá-lo em caixa. Quando consegue gerar caixa, não o faz em volume suficiente para repor suas necessidades de capital de giro.

Tal dirigente julga não possuir a sorte. Acredita fazer tudo direito, mas não se julga merecedor. Trata-se de uma explicação simplista. O que ele não sabe é que optou em ter uma empresa-objeto.

A empresa-objeto está sempre em atrito:

com os fornecedores, que não lhe concedem o prazo de que necessita para pagar a duplicata;

com os clientes que reclamam o desconto de um preço mal elaborado;

com os funcionários que são julgados como incompetentes e ingratos;

com os fiscais, o contador, a transportadora, etc.

A empresa-objeto erra quando coloca o objetivo econômico-financeiro antes de tudo. Seu principal objetivo é o lucro e a formação de caixa é o seu principal indicador de sucesso. Tanto corre atrás do dinheiro que acaba por afugentá-lo.

A empresa-objeto não está preocupada em servir, em atender a sociedade, em satisfazer o cliente. Para a empresa-objeto o cliente nada mais é do que alguém que porta dinheiro e o seu interesse todo está em extrair esse dinheiro em troca de alguma mercadoria ou serviço.

Assim como não considera o cliente como parceiro do negócio, também não considera os funcionários como parceiros do negócio. Assim como deseja extrair dinheiro dos clientes, deseja extrair trabalho dos funcionários.

Na empresa-objeto recursos de todos os tipos (materiais, tecnológicos, financeiros) têm mais valor do que as pessoas, que são quem colocam tais recursos em funcionamento.

Na empresa-objeto valorizam-se os controles, os sistemas, os procedimentos, os cargos e as funções. Os dirigentes de empresas-objetos precisam saber que uma empresa não é só corpo. Uma empresa tem também mente e alma. A mente cuida dos objetivos maiores, das estratégias, das prioridades, do futuro. Sem mente uma empresa é como um cachorro que corre atrás do rabo. Uma empresa precisa ter um objetivo de grandeza e é a mente que consegue isso. Precisa também ter alma, ou seja, pessoas que se entusiasmam e estejam dispostas a apoiarem os objetivos do negócio. Uma empresa com alma tem o compromisso de servir ao contrário de extrair.

A empresa-plena é aquela com corpo, mente e alma. Os dirigentes de empresas-plenas compreendem que o resultado econômico-financeiro advém de uma filosofia de trabalho voltada em atender os clientes em suas necessidades e advém de uma equipe de trabalho comprometida e criativa.

Uma vez compreendida a tríade da empresa-plena, o dirigente da empresa-objeto perceberá que a economia, ainda que instável, não impede o crescimento do seu negócio nem a geração de resultados. O governo poderá continuar cometendo seus disparates, mas não a ponto de atingir de maneira drástica sua empresa.

A sorte pode até existir, mas cada um faz a sua!

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