Você gostaria de ter uma equipe de trabalho formada por vencedores? Penso que a resposta óbvia seja um assertivo sim. Vencedor lembra vitória, que lembra disputa, que lembra duelo, ou rixa, ou competição e todas essas palavras remetem a ganhadores e perdedores. Aí está o problema: muitos líderes estimulam a competição na crença de estar desenvolvendo uma equipe de vitoriosos. Mas não é isso o que geralmente ocorre.
Compare uma corrida de cavalos a uma maratona. Numa corrida de cavalos, somente alguns se classificam, os demais são “os demais”. Numa maratona, aqueles que conseguem chegar ao final são os vencedores e o propósito de cada um é melhorar a performance individual.
Existe uma diferença enorme em liderar uma equipe para funcionar como uma corrida de cavalos ou como uma maratona. Na primeira, elegem-se alguns vencedores, mas a grande maioria é formada por perdedores. Na segunda, todos são ganhadores dentro das suas condições, limitações e superações.
Muitas equipes, principalmente as comerciais, são organizadas para funcionarem como corridas de cavalos. Repare como os vencedores são sempre os mesmos, e os perdedores também são sempre os mesmos. Os vitoriosos não têm o menor interesse em ajudar os que estão abaixo, muito menos transferir informações e conhecimentos para que se desenvolvam.
Corrida de cavalos ou maratona é uma questão de escolha. Depende do conjunto de crenças e valores do líder. Se acreditar na competição como a melhor forma de obter vitórias, é provável que a escolha recaia sobre a corrida de cavalos. Essa escolha gera vencedores e perdedores, mas jamais forma uma equipe de alto desempenho.
Após vários estudos sobre equipes de alto desempenho, está comprovado: uma equipe se forma e se desenvolve na cooperação, confiança mútua, desafios compartilhados e troca de conhecimentos.
Cabe, agora, uma questão: se vale para o ambiente interno (equipe), vale também para o ambiente externo (mercado de concorrência)?
Ora! É possível defender um discurso de cooperação e ajuda mútua e, em seguida, defender a competição e o ataque sem trégua? Os valores são antagônicos e contraditórios. O líder colocará sua credibilidade em xeque e dificilmente conseguirá um alto nível de comprometimento.
A forma de atuar no mercado também é uma questão de escolha. Tudo depende da forma como o mercado e a concorrência são vistos.
O fato é que, quando se estimula a competição, o medo do fracasso costuma ser mais intenso do que o desejo da vitória.
A concorrência pode ser vista de uma forma negativa e predatória. Num ambiente de rivalidade, a competição predatória semeia a desconfiança, a discórdia e gera estresse. Gasta-se mais tempo espionando ou copiando uns aos outros em vez de desenvolverem idéias próprias.
Por outro lado, podemos vê-los como parceiros de maratona. Olhando dessa forma, a concorrência é benéfica e necessária. Delimita padrões de excelência, estimula a energia, evoca agilidade e rapidez. É uma maneira positiva de enxergar a concorrência.
Pergunte aos vencedores em que circunstâncias haviam atuado melhor e eles não mencionarão a competição e a luta sem trégua. Ao contrário, farão referências à autonomia, interdependência, valorização, responsabilidade e compromisso. Falarão das metas estimulantes e desafiadoras, do espírito de equipe e, principalmente, do sentimento sublime e nobre de romper a linha de chegada cercados de companheiros.
É isso que faz uma equipe e uma empresa vencedoras.